Famílias do Zimbábue que dependem do alimento enviado pelos familiares que moram na África do Sul sofreram com as medidas de restrição imposta nas fronteiras dos países para conter a disseminação do novo coronavírus. As informações são da agência de notícias Reuters.
Diante das dificuldades enfrentadas por essa população, um aplicativo vem ganhando espaço desde abril. O nome da plataforma, Malaicha, é uma gíria da língua ndebele — falada no Zimbábue, na África do Sul e em Botsuana — para a maneira de enviar alimentos pela fronteira com motoristas de táxi ou ônibus.
A atividade é comum no Zimbábue, que convive com hiperinflação, fome e desabastecimento crônicos. Em 2019, cerca de metade da população não tinha acesso suficiente a alimentos. A alta de preços foi de cerca de 300%, segundo estimativas do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Apesar das restrições de viagem, Malaicha tem autorização para levar as mercadorias ao Zimbábue, oferecendo uma alternativas para que os familiares continuam enviando a ajuda.
Com um ano de idade, o aplicativo ainda não atingiu seu ponto de equilíbrio financeiro, em parte devido ao alto custo de transporte e armazenagem. No entanto, se o número de usuários continuar a crescer pode levar a plataforma vencer o lockdown na África do Sul, um dos mais restritivos do mundo.

Crescimento
Antes da pandemia do coronavírus, o Malaicha recebia em média 20 mil a 30 mil pedidos no mês. Desde o início da crise de saúde pública, o número aumenta cerca de 200% a cada mês. O número de usuários cadastrados dobrou, chegando aos 75 mil.
A capital do Zimbábue, Harare, recebia em média 20 entregas por dia antes das restrições impostas nas fronteiras. Agora, o número de pedidos chega a 200 diariamente.
De acordo com diretor do app, ouvido pela reportagem, o feedback dos usuários indica que o uso da plataforma continuará mesmo após o fim da pandemia.