Com Lei de Relações Exteriores, Austrália busca anular acordos com Beijing

Se aprovada, lei garante que governo da Austrália terá direito de anular acordos, secretos ou não, com estrangeiros

Apresentada pelo governo da Austrália no último dia 3 de setembro, a Lei de Relações Exteriores tende a aumentaer a tensão com Beijing, analisou o portal National Review.

Em tramitação no Senado, a legislação dá ao governo australiano o direito de intervir e anular acordos, secretos ou não, entre universidades e entidades governamentais com atores estrangeiros.

Especialistas afirmam que, além de verificar a influência de Beijing sobre a Austrália, o projeto também quer identificar detalhes de acordos, investimentos e parcerias de pesquisa entre instituições dos dois países.

Um dos alvos é a Universidade de Queensland. A instituição suspendeu o estudante Drew Pavlou por dois anos depois que o ativista manifestou seu apoio a Hong Kong e sofreu agressões no campus.

A reitoria afirma que não identificou os agressores, mesmo que a violência tenha sido gravada. O estudante processou a instituição.

Com Lei de Relações Exteriores, Austrália busca anular acordos com Beijing
O ativista Drew Pavlou (à esq.) em protesto contra Beijing e Xi Jinping na Universidade de Queensland, na Austrália, em agosto de 2020 (Foto: Twitter/Drew Pavlou)

De acordo com o governo australiano, a universidade ofereceu várias aulas ministradas pela China e hospeda diversos Institutos Confúcio no país. Beijing gerencia as organizações sem fins lucrativos para promover a língua e a cultura chinesa em vários países do mundo.

Os senadores puderam sugerir emendas ao projeto de lei até o último dia 25. A votação à Lei de Relações Exteriores deve acontecer em 5 de novembro, informou o Parlamento australiano.

Consequências

Com a lei, Canberra poderia cancelar projetos de desenvolvimento da China relacionados, principalmente, ao Cinturão da Rota da Seda.

O projeto de infraestrutura rodoviária e marítima é questionado pela Austrália. Importante aliado dos EUA no Pacífico, o país condena as investidas chinesas sobre o Mar da China Meridional e boicota a Huawei na implantação das redes 5G.

Em retaliação ao projeto, a China já tomou medidas diplomáticas e econômicas em pressão à Austrália.

Em 7 de setembro, Beijing anunciou que revisará todos os seus subsídios à indústria vinícola australiana. Um terço da produção do setor será deslocada para a China. Além disso, a Huawei já anunciou a retirada do patrocínio à equipe de rúgbi do país.

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