No próximo domingo (26), Belarus realizará sua eleição presidencial, na qual, após 31 anos de mandato, Alexander Lukashenko é visto como o único vencedor possível. O líder, que governa desde 1994, já garantiu seu sétimo mandato em um pleito descrito pela oposição no exílio como uma “farsa”. As informações são da agência Reuters.
Lukashenko, de 70 anos, minimiza a campanha eleitoral, dizendo estar ocupado com assuntos de Estado. “Para ser honesto, eu nem acompanho isso. Simplesmente não tenho tempo”, afirmou ele a trabalhadores de uma fábrica na semana passada. Apesar de sua longa permanência no poder, ele não tem um sucessor aparente e continua oscilando entre posturas de alinhamento e distanciamento em relação à Rússia e ao Ocidente.
Após a última eleição, em 2020, protestos em massa quase removeram Lukashenko do poder, com apoio ocidental às alegações de fraude feitas pela oposição. Na época, sua força de segurança prendeu dezenas de milhares de manifestantes e forçou a oposição a escolher entre a prisão ou o exílio. Atualmente, o grupo de direitos humanos Viasna, rotulado como extremista pelo governo, contabiliza cerca de 1.250 presos políticos, embora Lukashenko negue sua existência.

Ivan Kravtsov, secretário do conselho de coordenação da oposição exilada, reconheceu a dificuldade de mobilizar os belarussos no cenário atual. “Para a maioria das pessoas, política não é prioridade. A sobrevivência é a prioridade”, afirmou em entrevista.
Tentativas de aproximação com o Ocidente
Enquanto navega pelas complexas relações com Moscou e os países ocidentais, Lukashenko enfrenta desafios adicionais devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. Belarus foi usada como ponto de partida para a invasão russa em 2022, o que levou a sanções ocidentais severas. Mesmo assim, analistas políticos acreditam que o fim da guerra poderia criar oportunidades para Lukashenko tentar aliviar as tensões com o Ocidente e negociar a suspensão das sanções.
Tatsiana Chulitskaya, acadêmica belarussa da Universidade de Vilnius, observou que as recentes liberdades concedidas a opositores presos, como Maria Kalesnikava e Viktor Babariko, podem sinalizar essa intenção. “Se a guerra terminar, haverá certas janelas de oportunidade para Lukashenko continuar equilibrando suas relações entre a Rússia e o Ocidente”, disse.
Desde julho, Lukashenko implementou o que chamou de “perdões humanitários”, libertando cerca de 250 prisioneiros acusados de atividades extremistas. No entanto, líderes da oposição consideram a medida parte de uma estratégia para melhorar sua imagem externa.
Sviatlana Tsikhanouskaia, líder exilada da oposição, destacou que as liberações em massa são insuficientes. “Precisamos parar as repressões, precisamos libertar todos os prisioneiros, e talvez então conversemos com você”, afirmou.