Os chefes das diplomacias de China e Índia se encontraram na quinta-feira (25) no Laos e iniciaram um debate que pode eventualmente solucionar um antigo impasse na fronteira entre os dois países. Trata-se de um importante avanço em meio à crescente tensão na região, que gerou hostilidades no passado e mantém no ar a possibilidade de um conflito mais amplo. As informações são da agência Reuters.
A disputa entre os dois países está concentrada na região de Arunachal Pradesh, que fica dentro do território indiano e é reivindicada quase na totalidade por Beijing, que se refere a ela como Zangnan e afirma fazer parte do sul do Tibete. A disputa ilustra as tensões crescentes ao longo da fronteira de 3,5 mil quilômetros entre as nações mais populosas do mundo.

A disputa persiste há décadas, apesar de esforços diplomáticos e econômicos das duas nações para solucionar o impasse. A relação atingiu seu pior momento em abril de 2020, quando soldados rivais se envolveram em combates em vários pontos da área montanhosa que divide os dois países. O problema começou com uma troca de acusações sobre desrespeito mútuo à Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês), que marca a divisão entre os Estados.
Então, em 15 de junho daquele ano, a paz foi definitivamente quebrada e houve confronto entre soldados indianos e chineses em Ladakh. Na ocasião, 20 soldados indianos e quatro chineses morreram em combates corporais entre as tropas das duas nações. O confronto envolveu basicamente paus e pedras, sem nenhum tiro ter sido disparado.
Embora não tenham ocorrido novos choques desde então, a área é altamente militarizada, com cerca de cem mil soldados estacionados em postos avançados remotos. Trata-se de uma das áreas mais tensas do mundo, onde qualquer fagulha pode dar início a um conflito mais amplo entre duas nações com arsenais nucleares.
A fim de acalmar os ânimos, ou mesmo colocar um ponto final na histórica concorrência, os ministros das Relações Exteriores indiano, Subrahmanyam Jaishankar, e o homólogo chinês Wang Yi se encontraram à margem de uma reunião da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e concordaram que é necessário chegar a um consenso.
“Continuamos nossas discussões em curso sobre a nossa relação bilateral. O estado da fronteira se refletirá necessariamente no estado dos nossos laços”, disse Jaishankar na rede social X, antigo Twitter. “É preciso garantir o pleno respeito à LAC e aos acordos anteriores. É do nosso interesse mútuo estabilizar os nossos laços. Devemos abordar as questões imediatas com um sentido de propósito e urgência.”
Met with CPC Politburo member and FM Wang Yi in Vientiane today.
— Dr. S. Jaishankar (@DrSJaishankar) July 25, 2024
Continued our ongoing discussions about our bilateral relationship. The state of the border will necessarily be reflected on the state of our ties.
Agreed on the need to give strong guidance to complete the… pic.twitter.com/pZDRio1e94