Ao menos 22 civis foram executados após serem detidos por militares do Mali durante uma operação em 12 de maio de 2025, na cidade de Diafarabé, região central do país. Os corpos foram encontrados três dias depois em valas rasas, com sinais de degola, segundo relatos obtidos pela ONG Human Rights Watch (HRW), que exige do governo uma investigação autônoma e pública.
Testemunhas disseram que os homens, todos da etnia fulani, foram presos no mercado de gado local por soldados uniformizados, que os levaram até o rio Níger. “Eles amarraram as mãos deles para trás antes de levá-los até o rio e vendá-los”, relatou um vendedor de 53 anos. Após serem colocados em uma canoa e levados ao outro lado, os militares retornaram sem os detidos.

Protestos começaram no dia seguinte, com mulheres exigindo informações na porta da base militar. No dia 15, uma delegação local foi levada pelos soldados até o local para onde os presos haviam sido conduzidos.
“Encontramos cerca de 22 corpos em duas covas rasas e mal cavadas”, contou um dos moradores. “Todos os homens estavam com as gargantas cortadas, alguns pareciam quase decapitados. Foi tão horrível que até um comandante militar que nos acompanhava teve que se sentar para não desmaiar.”
Um dos detidos sobreviveu ao massacre e contou que conseguiu escapar ao ver os soldados assassinando os colegas em grupos pequenos. “Depois, eles levavam as pessoas em pequenos grupos de dois ou três e cortavam suas gargantas. Eu ouvia os gritos altos”, contou. Ele fugiu correndo, foi alvo de tiros e se escondeu. “Ouvi os soldados atrás dizendo para o que estava me perseguindo: ‘Se você não pegá-lo, nós vamos te matar.’”
A HRW pediu a suspensão imediata do comandante da base de Diafarabé e proteção para as testemunhas e familiares das vítimas.
“As autoridades precisam tomar todas as medidas necessárias para garantir que os sobreviventes e testemunhas deste incidente estejam protegidos”, afirmou Ilaria Allegrozzi, pesquisadora da organização. O episódio ocorre no contexto da guerra que atinge o Mali desde 2012, envolvendo grupos jihadistas como o JNIM, ativo na região de Mopti.