A China tem restringido a venda de drones à Ucrânia e a países europeus, ao mesmo tempo em que mantém e até amplia o fornecimento desses equipamentos para a Rússia. A denúncia foi feita pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em conversa com jornalistas, conforme noticiou a rede Bloomberg.
“Os drones Mavic chineses estão disponíveis para os russos, mas estão bloqueados para os ucranianos”, declarou Zelensky, acrescentando que representantes chineses operam inclusive em linhas de produção localizadas em território russo.
O modelo Mavic, originalmente projetado para fotografia aérea civil, tem sido amplamente adaptado para fins militares que vão de vigilância a ataques com explosivos. Eles são implantados nas frentes de batalha da guerra iniciada com a invasão russa em fevereiro de 2022.

Um diplomata europeu ouvido pela Bloomberg confirmou que a avaliação do governo ucraniano corresponde à percepção de autoridades do continente. De acordo com ele, Beijing também tem reduzido a exportação de certos componentes essenciais, como ímãs usados nos motores dos drones, para compradores ocidentais. Ao mesmo tempo, o fornecimento desses mesmos insumos à Rússia aumentou.
“Quando alguém pergunta se a China está ajudando a Rússia, como devemos avaliar essas ações?”, questionou Zelensky. Para compensar a desvantagem em projéteis de artilharia, ainda numericamente superior do lado russo, a Ucrânia tem apostado em drones como principal trunfo numa guerra que se tornou, em grande parte, um conflito de desgaste.
Desde março, Kiev mantém o chamado projeto Linha de Drones, voltado à criação de uma “zona de morte” com até 15 quilômetros de profundidade ao longo da linha de frente. A meta é dificultar os movimentos do Exército russo e oferecer suporte aéreo às forças terrestres ucranianas.
Segundo o presidente a produção de drones no país funciona bem, mas poderia ir ainda melhor com um empurrão de seus aliados. “Não há problema na capacidade de produção. O problema está no financiamento”, explicou Zelensky, ao pedir apoio internacional para financiar a fabricação de 300 a 500 drones por dia.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da China contestou as alegações. “A posição da China sobre a questão da Ucrânia tem sido consistente e clara: estamos comprometidos em parar a guerra e promover conversações de paz”, disse. “A China nunca forneceu armas letais a qualquer das partes e controla estritamente itens de uso duplo. A China se opõe firmemente a acusações infundadas e manipulação política”.