Quanto Índia, Rússia e China comercializam — e quais produtos trocam entre si

Comércio trilateral de US$ 452 bilhões destaca novo eixo econômico no Sul Global

As relações comerciais entre Índia, Rússia e China têm se intensificado nos últimos anos, especialmente após as tensões geopolíticas que levaram esses países a buscar alternativas aos mercados ocidentais. Em 2023, o comércio trilateral entre eles movimentou US$ 452 bilhões, de acordo com o Observatório da Complexidade Econômica (OEC).

A seguir, um panorama das trocas entre cada par de países, com informações da agência Al Jazeera.

Xi Jinping, Narendra Modi e Vladimir Putin na Cúpula da OCX de 2025 (Foto: WikiCommons)
China e Rússia

A China exportou US$ 110 bilhões em mercadorias para a Rússia em 2023, principalmente máquinas, veículos e equipamentos de transporte. Automóveis foram os principais itens enviados para o mercado russo.

Do outro lado, a Rússia vendeu US$ 129 bilhões para a China, concentrados em produtos minerais, como petróleo e gás natural. Essa balança comercial gera um superávit para Moscou, sustentado pelo peso das exportações energéticas, que respondem por quase três quartos do total.

Rússia e Índia

A Rússia exportou US$ 66,1 bilhões em bens para a Índia em 2023, dos quais 88% correspondem a energia, principalmente petróleo bruto e gás natural, boa parte comprada com desconto.

Em contrapartida, a Índia exportou US$ 4,1 bilhões para a Rússia, em produtos mais diversificados, como químicos, máquinas e metais. O desequilíbrio entre as duas balanças gera um grande déficit comercial indiano.

China e Índia

A China é um dos principais parceiros comerciais da Índia, mas a relação também é marcada pelo desequilíbrio. Em 2023, Beijing exportou US$ 125 bilhões em mercadorias para o mercado indiano, com destaque para máquinas e produtos químicos.

Já a Índia exportou US$ 18,1 bilhões para a China, tendo como principais produtos o petróleo e derivados de combustíveis. A diferença entre importações e exportações mostra que a Índia compra cerca de sete vezes mais da China do que consegue vender.

Xi Jinping defende papel maior do Sul Global

Mais de 20 líderes de países não ocidentais se reuniram em Tianjin, na China, para a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), encerrada na última segunda-feira (1º). O encontro teve como destaque o discurso do presidente Xi Jinping, que defendeu a construção de uma ordem econômica global centrada no Sul Global.

A reunião ocorreu em meio ao anúncio de novas tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em resposta, Xi criticou o que chamou de “hegemonismo e política de poder” e reafirmou a necessidade de fortalecer o multilateralismo real.

Entre os participantes, estiveram China, Índia e Rússia, que juntas respondem por mais de 20% do PIB mundial. O comércio trilateral entre os três países somou US$ 452 bilhões em 2023, um salto em relação a 2022, segundo dados do OEC.

Criada em 2001, a OCX é hoje uma das maiores organizações regionais do mundo, com dez membros, incluindo China, Rússia, Índia, Irã, Paquistão, Belarus e nações da Ásia Central. O bloco representa cerca de 43% da população mundial e 23% da economia global.

O fortalecimento da OCX acontece em um cenário de tensões comerciais entre Washington e os emergentes, em que tarifas impostas pelos EUA vêm aproximando os países asiáticos e reforçando o discurso chinês de cooperação Sul-Sul.

Além das discussões políticas, o encontro também ressaltou o peso econômico da região. Em 2023:

  • EUA foram o maior comprador da China, com US$ 442 bilhões em importações.
  • Índia exportou US$ 81,4 bilhões aos EUA, sobretudo em fármacos e pedras preciosas.
  • China e Rússia ampliaram seu comércio, com troca de petróleo, gás e veículos.
  • Índia manteve déficit com a China, importando sete vezes mais do que exportou.

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