Cresce relutância de pais nos EUA em vacinar crianças, aponta pesquisa

Queda na confiança faz um em cada seis pais adiar ou recusar vacinas. Secretário de Saúde defende posição antivacina

Um número crescente de pais nos Estados Unidos está evitando ou adiando vacinas recomendadas para crianças, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (15) pela RFI, com dados do Washington Post e da ONG KFF. De acordo com o levantamento, um em cada seis pais adia ou recusa imunização, refletindo desconfiança nas autoridades de saúde desde a pandemia de Covid-19.

A pesquisa mostra que os pais que evitam ou adiam vacinas tendem a ser brancos, conservadores, muito religiosos e, em alguns casos, adeptos do ensino domiciliar. Entre os motivos apontados estão medo de efeitos colaterais e falta de confiança nas autoridades sanitárias.

Criança recebe a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (Foto: nara.getarchive.net/Creative Commons)

Enquanto a maioria dos pais ainda apoia as exigências de vacinação, uma parcela crescente questiona as medidas obrigatórias, incluindo imunizações contra sarampo, tétano e poliomielite. Nos EUA, vacinas como a tríplice viral (MMR) são exigidas para matrícula escolar, mas muitos estados permitem isenções por motivos religiosos ou não médicos.

Queda na cobertura

Desde a pandemia, a cobertura vacinal tem diminuído. A taxa nacional de crianças vacinadas contra o sarampo no jardim de infância caiu de 95% em 2019 para 92,5% em 2024, com variações expressivas entre estados. No estado de Idaho, por exemplo, a cobertura está abaixo de 80%, bem distante dos 95% recomendados para imunidade de rebanho.

Especialistas alertam que a queda na vacinação pode ser agravada pelo secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., conhecido por seu ceticismo em relação às vacinas, por questionar sua eficácia comprovada e por divulgar informações falsas.

Consequências

Como resultado da diminuição da cobertura vacinal, os EUA enfrentaram em 2025 o pior surto de sarampo em mais de três décadas, com três mortes, incluindo duas crianças. Especialistas reforçam que a continuidade dessa tendência pode aumentar o risco de novos surtos, exigindo atenção imediata das autoridades de saúde.

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