O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divulgou nesta quarta-feira (24) os detalhes de um novo plano de paz de 20 pontos, elaborado com mediação dos Estados Unidos, com o objetivo de encerrar a guerra entre Ucrânia e Rússia. Segundo o líder ucraniano, o documento já foi acordado entre negociadores de Kiev e Washington e encaminhado a Moscou para análise. As informações são do The Moscow Times.
A proposta inclui garantias de segurança semelhantes ao Artigo 5 da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), compromissos territoriais, retirada de tropas russas de regiões específicas, além de um amplo pacote internacional de reconstrução econômica para o período pós-guerra. Zelensky apresentou os pontos do plano durante uma reunião com jornalistas na capital ucraniana.

Entre os principais eixos do acordo está a reafirmação da soberania da Ucrânia como Estado independente e a criação de um pacto de não agressão pleno e incondicional entre os dois países. O texto também prevê um sistema internacional de monitoramento da linha de contato, com uso de vigilância espacial não tripulada para identificar violações do cessar-fogo.
O plano estabelece que as Forças Armadas da Ucrânia manteriam um efetivo de 800 mil militares em tempos de paz. Em contrapartida, Estados Unidos, Otan e países europeus signatários ofereceriam garantias de segurança à Ucrânia. Caso a Rússia volte a atacar o território ucraniano, sanções globais seriam automaticamente restabelecidas.
Outro ponto central trata do futuro político e econômico do país. A proposta prevê a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) dentro de um prazo definido e acesso temporário privilegiado ao mercado europeu. Também está prevista a criação de um fundo internacional de até US$ 200 bilhões, com participação de Estados Unidos e países europeus, para financiar a reconstrução do país.
O pacote econômico inclui investimentos em infraestrutura, tecnologia, inteligência artificial (IA), mineração e modernização da rede de gás ucraniana. O Banco Mundial deverá oferecer linhas especiais de financiamento, enquanto um grupo de trabalho internacional será responsável por coordenar a implementação do plano de recuperação.
No campo territorial, o documento reconhece, de facto, a atual linha de posicionamento das tropas nas regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson como linha de contato. Tropas internacionais poderão ser destacadas para monitorar o cumprimento do acordo, mediante aprovação do parlamento ucraniano ou por referendo.
A proposta também prevê a retirada das forças russas das regiões de Dnipropetrovsk, Mykolaiv, Sumy e Kharkiv como condição para a entrada em vigor do acordo. Após a definição de um arranjo territorial definitivo, Rússia e Ucrânia se comprometeriam a não alterar os termos por meio do uso da força.
Questões humanitárias ocupam parte relevante do plano. O texto prevê a troca total de prisioneiros de guerra, a devolução de civis e crianças detidas, a criação de um comitê humanitário e a adoção de medidas para reparar os danos sofridos pelas vítimas do conflito.
O acordo também estabelece que a Ucrânia permanecerá como Estado não nuclear e que a usina nuclear de Zaporizhzhia será operada conjuntamente por Ucrânia, Estados Unidos e Rússia. Após a assinatura do tratado, eleições deverão ser realizadas no país o mais rapidamente possível.
Segundo Zelensky, o cumprimento do acordo seria supervisionado por um Conselho de Paz, com participação da Ucrânia, Rússia, Estados Unidos, países europeus e da Otan. O conselho seria presidido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e teria poder para aplicar sanções em caso de violações.
Caso todas as partes concordem com os termos, um cessar-fogo total entraria em vigor imediatamente