O secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), Mukhisa Kituyi, afirmou nesta quarta (16) que a África precisa de um “Plano Marshall da saúde” para enfrentar a crise do novo coronavírus.
O Plano Marshall foi uma medida de apoio dos Estados Unidos aos países europeus destruídos durante a Segunda Guerra Mundial. Essas nações precisavam de recursos para reconstruir suas cidades e retomar a produção industrial.
“A África está no caminho de uma tempestade que se aproxima rapidamente, com indicações de que a pandemia que paira sobre o continente traz uma lenta devastação”, afirmou Kituyi em um artigo publicado pela Unctad nesta quinta (16).
O secretário-geral afirma que o continente precisa urgentemente de um plano que combine recursos dos governos com o suporte de doadores. “Apesar de a OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Banco Mundial terem feito várias contribuições, um fundo muito maior é necessário para conter a pandemia.”
As projeções para o continente não são otimistas. A perda nas exportações, com a interrupção das cadeias de abastecimento e isolamento social, custará à África mais de US$ 500 bilhões. O continente ainda importa quase 90% de remédios e equipamentos médicos – qualquer interrupção nas vendas afeta diretamente o serviço de saúde.
O secretário-geral da Unctad pede que os ministros das Finanças combinem esforços para suprir as necessidades de financiamento do continente na reunião do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Atendimento médico
Kituyi usou o exemplo do Sudão do Sul para chamar atenção à situação do continente africano. “Com quatro leitos de UTI (unidade de terapia intensiva), dos quais dois estão fora de serviço, o Sudão do Sul tem a estatística inviável de ter mais vice-presidentes do que leitos.”
Nesta quarta, o chefe do Centro Africano para Controle e Prevenção de Doenças, John Nkengasong, anunciou que mais de um milhão de testes serão oferecidos na África para tentar diminuir a subnotificação da Covid-19 no continente. Mais de 15 milhões de testes serão necessários nos próximos três meses, segundo Nkengasong.
De acordo com a última atualização feita pela OMS, a África contabilizava 11,8 mil casos confirmados de pessoas infectadas com coronavírus.