Anistia Internacional denuncia morte de 115 pessoas em ações militares na Nigéria

Forças de segurança teriam reprimido violentamente manifestação de grupo separatista acusado de atuar com milícia armada

A Anistia Internacional atribui ao governo da Nigéria a morte de ao menos 115 pessoas em ações violentas para reprimir manifestações separatistas no sul do país entre março e junho deste ano. “As forças de segurança cometeram um catálogo de violações dos direitos humanos e crimes ao abrigo da lei internacional”, disse o órgão em comunicado publicado nesta quinta-feira (5).

As ações seriam uma resposta à atuação da milícia ESN (Rede de Segurança Oriental, da sigla em inglês), acusada da morte de dezenas de agentes de segurança desde janeiro deste ano. O grupo é o braço armado do IPOB (Povo Nativo de Biafra, da sigla em inglês) e empreende ataques contra prédios públicos, incluindo prisões e delegacias de polícia, numa campanha pela independência da região.

Militares nigerianos são acusados pela Anistia Internacional por 115 mortes (Foto: Exército da Nigéria/Reprodução)

“As evidências recolhidas pela Anistia Internacional pintam um quadro contundente de força excessiva implacável pelas forças de segurança nigerianas nos Estados de Imo, Anambra e Abia”, diz Osai Ojigho, diretor nacional da entidade.

A polícia alega que combatentes da ESN mataram 21 agentes de segurança apenas no Estado de Imo. Grupos de defesa dos direitos humanos, por sua vez, alegam que centenas de pessoas forças mortas na violenta resposta das autoridades. Testemunhas relatam casos de prisões não reportadas, extorsão, residências queimadas, roubo e execuções extrajudiciais de suspeitos.

A Anistia Internacional cita uma “extensa investigação” que documentou 52 homicídios ilegais e 62 casos de prisão arbitrária, maus tratos e tortura entre março e junho deste ano. “É necessário um inquérito imparcial e aberto para determinar o que aconteceu e levar à justiça todos os suspeitos de responsabilidade criminal”, afirma Ojigho.

Parentes disseram à entidade que as vítimas não faziam parte da milícia, mesmo assim forma mortos. “Muitas das vítimas foram levadas a hospitais governamentais nos Estados de Imo e Abia. De acordo com várias fontes hospitalares, todas as vítimas levadas pela polícia tiveram ferimentos a bala”, diz o relatório.

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