Cidadão francês é um dos oito mortos em ataque ocorrido em parque nacional no Benin

Militares franceses são geralmente encarregados de treinar os guardas florestais da região ou de acompanhá-los em patrulhas

Um cidadão francês está entre as vítimas fatais de uma emboscada que terminou com oito mortes na última terça-feira (8), no Parque Nacional W, no Benin, perto das fronteiras com o Níger e Burkina Faso. As informações são da agência Reuters.

Inicialmente, haviam sido registradas seis mortes, número posteriormente atualizado para oito. As vítimas fatais são cinco guardas florestais, o instrutor francês que os acompanhava, um militar e um funcionário do parque. Outras 12 pessoas ficaram feridas.

A presença de solados franceses na região é comum. Eles são geralmente encarregados de treinar os guardas florestais ou de acompanhá-los em patrulhas nos parques nacionais. A identidade do francês morto não foi revelada. O grupo realizava uma operação de combate à extração ilegal de madeira.

“A promotoria nacional antiterrorista abriu uma investigação com uma acusação de assassinato em conexão com um empreendimento terrorista depois de ter sido informada da morte de um francês de 50 anos após um ataque terrorista no Parque W, no norte do Benin”, disseram os promotores franceses em um comunicado.

Elefantes do Parque Nacional W, que se espalha por Benin, Níger e Burkina Faso (Foto: Wiki Commons)

Na quinta (10), dois dias depois do episódio anterior, mais um ataque foi relatado pelas autoridades do Benin. Nele, um funcionário do parque morreu quando uma patrulha de reconhecimento atingiu um IED (dispositivo explosivo improvisado, da sigla em inglês).

Por que isso importa?

Desde 2016, o terrorismo é uma séria ameaça no Benin, com grupos extremistas islâmicos realizando ataques sobretudo no norte do país, perto das fronteiras com Burkina Faso e Níger, e mais a leste, na divisa com a Nigéria.

O combate ao terrorismo no país é deficiente, sobretudo em função da ideia de que trata-se de uma ameaça exclusivamente externa. Embora incontestável a presença de grupos extremistas islâmicos provenientes de nações vizinhas, também há um núcleo de violência doméstico.

No Benin, criadores de gado, sobretudo da comunidade Fula, são suspeitos de ligação com os jihadistas, e em certos casos eles próprios controlam grupos radicais. Os pastores, por exemplo, habitualmente facilitam a infiltração violenta de extremistas vindos de fora, que ingressam no país pelos Estados costeiros.

Além da religião, outro forte motivador da violência são as condições socioeconômicas, incluindo pobreza e desemprego.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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