Comércio com a África ‘não é um jogo de Minecraft’, diz ministro da Nigéria

Yusuf Maitama Tuggar pede respeito nas relações comerciais e diz que tarifas de Trump afetam menos a Nigéria do que outros países

Os países ricos não devem tratar o comércio com a África como um jogo de Minecraft, no qual exploram recursos naturais sem compromisso com o desenvolvimento, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Nigéria, Yusuf Maitama Tuggar. Segundo ele, o continente precisa ser visto como parceiro estratégico e não apenas como fornecedor de matérias-primas. As informações são da Reuters.

“Às vezes é como no jogo Minecraft: há petróleo, gás, minerais estratégicos, terras raras… Colocamos um pouco disso, investimos um pouco ali. Não, não é assim que funciona”, declarou Tuggar durante a Cúpula do Golfo da Reuters NEXT, em Abu Dhabi.

Ministro das Relações Exteriores da Nigéria, Yusuf Maitama Tuggar (Foto: WikiCommons)

“O engajamento precisa se basear em respeito mútuo, em interesses compartilhados e no entendimento de que a África precisa se desenvolver”.

Nigéria menos afetada pelas tarifas de Trump

Tuggar afirmou que a Nigéria está em posição mais sólida que outros países para resistir às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que aplicou uma taxa de 15% sobre produtos nigerianos, incluindo petróleo e gás.

Ele destacou o tamanho do mercado interno nigeriano, com 230 milhões de habitantes, podendo chegar a 400 milhões até 2050, e as parcerias comerciais com China, Índia e Brasil. O ministro também citou políticas para estabilizar a moeda, atrair investimentos e reformar o setor energético.

Segundo Tuggar, o governo tem reduzido impostos, promovido a diversificação da economia e implementado tarifas de incentivo à energia renovável. No entanto, o fornecimento de energia continua sendo um desafio: quatro em cada dez nigerianos não têm acesso à eletricidade, de acordo com o Banco Mundial.

Nigéria rebate alegações de perseguição religiosa

O ministro também criticou alegações de “genocídio cristão” divulgadas online e por figuras da mídia americana. Ele disse que tais acusações distorcem a realidade de um país onde muçulmanos, cristãos e praticantes de religiões tradicionais convivem há séculos.

“Um dos nossos maiores desafios hoje são as narrativas falsas criadas sobre a Nigéria, essa ideia de perseguição religiosa, de que cristãos estão sendo perseguidos, o que não poderia estar mais longe da verdade”, afirmou Tuggar.

Apesar da convivência religiosa, o país enfrenta conflitos localizados em que disputas étnicas e territoriais se sobrepõem a diferenças religiosas. O grupo extremista Boko Haram ainda atua no nordeste, causando milhares de mortes, a maioria entre muçulmanos.

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