Deslocamento na Somália atinge recorde de 3,8 milhões de pessoas, diz OIM

Com cenário atual de conflitos agravado pela mudança climática, mais 300 mil pessoas podem se deslocar até meados deste ano

O número de deslocamentos na Somália alcançou um novo recorde, chegando a 3,8 milhões de pessoas, segundo a OIM (Organização Internacional para Migrações), que conta com investimentos de doadores para evitar mais deslocamentos e lidar com a situação deixada pela seca e pelo conflito.

A agência da ONU (Organização das Nações Unidas) alerta que a combinação de riscos climáticos e conflitos deve ampliar as necessidades atuais, agravadas após cinco estações chuvosas consecutivas, abaixo da média, e uma sexta projetada no início deste ano.

De acordo com as estimativas, aproximadamente 300 mil pessoas poderão ser deslocadas até julho e buscar refúgio nas principais cidades e vilarejos, particularmente em Baidoa e na capital Mogadíscio.

A vice-diretora-geral da OIM, Ugochi Daniels, ressalta que a maioria dos recém-deslocados pode nunca mais voltar para casa, e a insegurança só aumentará à medida que a cresce a competição pelos recursos já escassos.

Segundo ela, famílias inteiras nascerão e crescerão em assentamentos informais, em condições de vida inadequadas. Assim, a recomendação da representante da agência é investir nos locais de origem para promover a resiliência e evitar que novos deslocamentos.

Mulher atravessa cena árida da Somália em 2018 (Foto: PNUD Somália)
Planejamento inclusivo

Ugochi Daniels avalia que é importante dar atenção aos serviços básicos, trabalhando na coesão e estabilidade social, bem como na governança, sistema de justiça e adaptação às mudanças climáticas, reunindo as comunidades com o governo e a diáspora.

Os projetos da OIM buscam melhorar o acesso a áreas produtivas e habitação de longo prazo, serviços sociais por meio de um processo de planejamento inclusivo com autoridades e comunidades locais, estabelecendo as bases para o planejamento de desenvolvimento de longo prazo.

Em áreas afetadas por violência e conflito, a agência da ONU também promoveu sistemas de justiça liderados por mulheres e treinou comunidades para administrar recursos naturais de forma mais sustentável.

Também há projetos de reabilitação de escolas e iniciativas para construir sistemas de governança mais fortes, como em Marka, um enclave histórico no sul da Somália caracterizado por conflitos.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Para a vice-diretora-geral, há muito potencial na diáspora da Somália, e as iniciativas de políticas nacionais receberão apoio para maximizar o envolvimento dessas pessoas, sustentado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para o povo somali.

Ela conclui avaliando que os investimentos precisam evitar o deslocamento atual e futuro e atender às necessidades crescentes de maneira mais sustentável para alcançar soluções para o desenvolvimento.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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