O exército dos EUA tem sido atuante na luta contra rebeldes da milícia islâmica Al-Shabaab, na Somália. É o que diz o governo somali, que fez elogios ao compromisso do presidente Joe Biden na ajuda ao país no enfrentamento à violência do grupo extremista. As informações são do site independente Garowe Online.
Um comunicado emitido pelo Ministério da Informação e Cultura da Somália confirmou o envolvimento do Comando dos Estados Unidos para a África na operação contra os jihadistas na região de Hiran. A ação “produziu frutos significativos com base no número de militantes que foram mortos”, diz o documento.
Segundo a nota oficial, mais de cem insurgentes foram mortos, tendo as aldeias Yasoman e Aborey sido os campos de batalha nas últimas 22 horas, segundo o governo. As baixas estão centradas principalmente entre a infantaria do grupo, que está no comando de vastos territórios rurais no centro do país e ao sul.
“O Exército Nacional Somali (SNA, da sigla em inglês) conduziu operações nas aldeias Yasoman e Aborey na região de Hiran nas últimas 72 horas. Os soldados do SNA mataram mais de cem integrantes do Al-Shabaab que estavam a aterrorizar a população local”, detalhou o comunicado.
Apesar da influência de Washington no combate ao grupo vinculado à Al-Qaeda ser algo pouco comentado, o órgão governamental somali observou que o Comando estava a fornecer vigilância aérea durante todo o exercício “através dos sofisticados drones que a América tem usado contra os seus militantes, que estão a combater o governo federal desde 2006”.
“O governo da Somália agradece o apoio dos EUA na luta contra o terrorismo e o extremismo violento”, acrescentou a declaração.
Em maio, Biden decidiu reenviar até 500 soldados de suas forças armadas à Somália, com a missão de ajudar o governo local a combater o Al-Shabaab. A medida serviu para reposicionar parcialmente tropas que deixaram o país durante o mandato do ex-presidente Donald Trump. Naquela ocasião, eram cerca de 700 norte-americanos dando apoio ao país africano.
Por que isso importa?
O Al-Shabaab, grupo extremista ligado à Al-Qaeda, chegou a controlar a capital Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional, tendo inclusive se expandido para a vizinha Etiópia.
O grupo concentra seus ataques no sul e no centro da Somália. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.
Um relatório do International Crisis Group (Grupo de Crise Internacional, em tradução literal), cuja meta é prevenir guerras em todo o mundo, diz que derrotar o Al-Shabaab é uma tarefa complexa devido à quantidade de seguidores em território somali, algo na casa dos cinco mil. Assim, a melhor estratégia para o governo somali seria a negociação
“Combinada com a disfunção e a divisão entre seus adversários, a agilidade dos militantes permitiu que se inserissem na sociedade somali”, diz o documento. “Há um crescente consenso nacional e internacional de que o Al-Shabaab não pode ser derrotado apenas por meios militares”.
O relatório, porém, afirma que a diplomacia não vem sendo considerada pelo governo. “Há pouco apetite entre as elites somalis ou os parceiros internacionais do país para explorar alternativas, principalmente conversas com líderes militantes”. E acrescenta: “A alternativa é mais luta sem um fim à vista”.