Um dos ataques mais brutais dos últimos anos na República Democrática do Congo (RDC) terminou com 70 cristãos decapitados supostamente por membros das ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), facção afiliada ao Estado Islâmico (EI). O massacre ocorreu na região de Lubero, no leste do país, e foi relatado pela organização cristã Open Doors, que atua no apoio a comunidades perseguidas. As informações são da revista Newsweek.
As ADF, que surgiram em 1995 em Uganda, migraram para o leste da RDC no final dos anos 1990, onde receberam apoio do governo local. Após um período de relativa calmaria no início dos anos 2000, o grupo retomou seus ataques violentos em 2014, com massacres frequentes na província de Kivu do Norte.

A conexão com o EI foi estabelecida publicamente em 2018, quando o grupo terrorista internacional reivindicou as ADF como afiliadas. Desde então, tem assumido a autoria de diversos ataques da facção, incluindo aqueles que resultaram em mais de 159 mortes entre 2020 e 2023, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
O financiamento das ADF vem principalmente do controle de minas e da exportação de minerais na região, além de suporte financeiro de grupos ligados ao EI desde 2017. A facção também se arma com equipamentos roubados das forças militares congolesas.
No ataque mais recente, ocorrido na quinta-feira (20), militantes das ADF invadiram a vila de Mayba, ordenando que 20 cristãos saíssem de suas casas. Posteriormente, mais 50 pessoas foram capturadas enquanto o grupo cercava a comunidade. As 70 vítimas foram levadas a uma igreja protestante, onde foram decapitadas uma a uma.
“A Open Doors condena fortemente este ato hediondo de violência contra civis e pede que sociedades civis, governos e organizações internacionais priorizem a proteção de civis no leste da RDC, onde grupos armados como as ADF estão atuando”, declarou John Samuel, especialista jurídico da organização para a África Subsaariana.
A violência contra cristãos na RDC tem aumentado significativamente nos últimos anos. Em 2023, 355 cristãos foram mortos no país, segundo dados da Open Doors. O leste do Congo, rico em recursos naturais, continua sendo um campo de batalha para diversos grupos armados, com as ADF destacando-se como um dos mais violentos e organizados.