A junta militar do Mali nomeou o general Abdoulaye Maiga como novo primeiro-ministro, em uma tentativa de consolidar seu controle sobre o país que enfrenta uma grave crise política e de segurança. A decisão foi anunciada pelo presidente de transição, coronel Assimi Goïta, líder da junta que tomou o poder após dois golpes de Estado consecutivos em 2020 e 2021. As informações são da agência Associated Press (AP).
O militar assume o cargo em substituição a Choguel Kokalla Maiga, que liderava o governo desde o golpe de 2021 e estava fora de ação desde agosto, por motivos de saúde. A junta militar justificou a mudança como necessária para garantir a continuidade do governo em um momento de grande incerteza e fragilidade institucional.
Abdoulaye Maiga, conhecido por seu alinhamento com Goita, já era uma figura de destaque no governo desde o golpe de 2020. Sua nomeação ocorre em um momento de crescente pressão internacional para que o Mali retome o caminho da democracia.
“A escolha do general Maiga mostra que os militares estão apertando seu controle sobre o poder”, afirmou Ulf Laessing, diretor do programa Sahel na Fundação Konrad Adenauer. Segundo ele, a proximidade entre os dois líderes sinaliza a continuidade de uma política centralizadora.
A demissão de Choguel Maiga, que não tem nenhum parentesco com o general que o sucedeu, foi resultado de um confronto interno. Ele criticou publicamente o governo por não cumprir prazos eleitorais, chamando o adiamento de um “golpe contra a democracia”. Em resposta, a junta militar organizou manifestações contra o ex-premiê, enfraquecendo sua posição política.
Desde o golpe que levou os militares ao poder, o Mali enfrenta sérias restrições às liberdades civis. Diversos críticos e opositores políticos foram detidos, enquanto a mídia local opera sob vigilância rigorosa. A substituição no cargo de primeiro-ministro reflete um ambiente de pouca tolerância a vozes divergentes.
A nomeação de Abdoulaye Maiga é vista como uma tentativa de consolidar o poder antes das eleições prometidas, cuja realização em 2024 ainda é incerta. Organizações internacionais têm questionado se o país realmente dará passos concretos rumo à transição democrática.