Nesta segunda-feira (2), pelo menos dez manifestantes na Nigéria foram ameaçados com pena de morte após serem acusados de traição por sua participação em protestos no mês passado contra a mais grave crise econômica do país em décadas. As informações são da agência Associated Press.
Os manifestantes foram formalmente acusados de tentar “desestabilizar a Nigéria e intimidar o presidente” durante os protestos. Eles se declararam inocentes e ficarão presos até uma audiência sobre a fiança marcada para 11 de setembro. Entre os suspeitos ainda foragidos está um cidadão britânico, mas o Alto Comissariado Britânico ainda não comentou sobre o assunto.
As manifestações, conhecidas como “10 dias de fúria”, foram realizadas devido às graves dificuldades econômicas enfrentadas por muitos nigerianos. Os protestos, organizados pelas redes sociais, foram em parte inspirados pelo sucesso dos manifestantes no Quênia, que conseguiram fazer o governo desistir de aumentar impostos.
Em algumas regiões, os atos se tornaram violentos, com confrontos entre manifestantes e forças de segurança resultando em pelo menos sete mortes, de acordo com a polícia. No entanto, grupos de direitos humanos estimam que o número de mortos seja de 23. Também houve quase 700 prisões.
Além de traição, os 10 manifestantes que foram ao tribunal na segunda-feira enfrentam acusações de destruir propriedade pública e ferir policiais. A acusação afirma que eles trabalharam com um cidadão britânico para desestabilizar a Nigéria, tentando provocar uma intervenção militar para derrubar o governo do presidente Bola Ahmed Tinubu.
Toques de recolher foram implementados em algumas áreas do país. As autoridades alegaram que os protestos foram “dominado por criminosos” que realizaram saques em massa e destruíram propriedades.
A Nigéria está enfrentando sua pior crise econômica em décadas, com a inflação anual acima de 30%. Os preços dos alimentos subiram ainda mais rapidamente. Por exemplo, em Lagos, o principal centro comercial do país, o preço do inhame, um alimento básico, é quase quatro vezes maior do que era no ano passado.