Egito, Somália e Eritreia formaram uma aliança tríplice que tem como objetivo confrontar a Etiópia, que tem com duas das nações aliadas questões não resolvidas. O pacto foi firmado durante uma cúpula na capital eritreia Asmara, abrindo caminho para uma eventual negociação de paz ou para aprofundar ainda mais as rivalidades regionais. As informações são do site Garowe.
A aliança se fez necessária após o aumento da tensão entre somalis e etíopes. A crise entre os vizinhos está ligada à luta por independência da Somalilândia, que foi colônia britânica até 1960, quando se tornou independente. Logo na sequência, entretanto, optou por se unir voluntariamente à Somália e assim permaneceu até declarar novamente sua soberania em 1991.
Ocorre que governo da Etiópia reconheceu a independência da Somalilândia em janeiro deste ano, o que enfureceu Mogadíscio a ponto de aproximar os dois países de um conflito armado. Então, em agosto, o Egito tornou-se partia ativa do problema ao assinar com a Somália.
Como a Somália, o Egito também tem questões não resolvidas com a Etiópia por conta de uma barragem que o governo etíope construiu no rio Nilo. Os egípcios dependem do rio para o fornecimento de água potável a um população em rápido crescimento, de cerca de cem milhões de habitantes. Já os etíopes alegam que a barragem ajudará a tirar muitos de seus 110 milhões de cidadãos da pobreza.
Embora não tenha problemas com a Etiópia como seus aliados, a Eritreia resolveu quebrar sua habitual neutralidade com o objetivo de atuar na mediação da crise regional, ao mesmo tempo em que ajuda a equilibrar a balança de forças que pendia para o lado etíope.
Outro avanço perigoso foi registrado em setembro, quando a Etiópia contestou uma entrega de armas pelo Egito à Somália. De acordo com o site The Africa Report, o carregamento tinha artefatos de artilharia e de defesa antiaérea e serve para complementar uma entrega anterior de armas, esta feita por aviões egípcios em agosto.
Na quinta-feira (10), o chefe das Forças de Defesa Nacional da Etiópia (ENDF), general Birhanu Jula, tocou no assunto ao falar de forma ameaçadora. Segundo ele, a Etiópia é “incapaz” de “nos confrontar” e “proteger a capital Mogadíscio” em caso de um conflito.
“Ele deveria proteger seu espaço antes de confrontar a Etiópia com armas fornecidas pelo Egito”, acrescentou o militar, que tem por costume fazer declarações duras projetando uma guerra capaz de desintegrar a região do Chifre da África.
Do seu lado, a Somália optou por um discurso comedido. “Não estamos determinados a instigar nada contra Adis Abeba”, disse o ministro da Informação Daud Aweis, segundo a rede BBC. “Addis Abeba é nosso vizinho, temos cooperado juntos por um longo tempo, embora mais tarde sua liderança tenha surgido com um fator de instabilidade na região. Mas ainda assim defendemos a paz e não achamos que tal reunião em Asmara tenha algo a ver com a Etiópia.”