ONU anuncia prisão do mais procurado acusado de participação no genocídio dos tutsis

Fulgence Kayishema é acusado de orquestrar as mortes de cerca de dois mil tutsis em uma igreja católica em 1994

Fulgence Kayishema, o mais procurado entre os acusados de participação no genocídio dos tutsis em Ruanda, em 1994, foi preso na quarta-feira (24) na África do Sul. A informação foi divulgada pela ONU (Organização das Nações Unidas) e reproduzida pela rede CNN.

O agora réu, que fugia da justiça desde 2001, é acusado de orquestrar as mortes de cerca de dois mil tutsis em uma igreja católica durante o genocídio, que no total matou cerca de um milhão de pessoas em cem dias, incluindo hutus e cidadãos que resistiram ao ato.

Corpos de ruandeses mortos em campos de refugiados mal abastecidos durante o episódio conhecido como genocídio de Ruanda, em outubro de 1994 (Foto: Divulgação/U.S. National Archives)

“Fulgence Kayishema foi fugitivo por mais de 20 anos. Sua prisão garante que ele finalmente enfrentará a justiça por seus supostos crimes”, disse Serge Brammertz, promotor do Mecanismo Residual Internacional para Tribunais Criminais (IRMCT, na sigla em inglês), uma corte internacional estabelecida pelas Nações Unidas para julgar crimes cometidos em Ruanda e na ex-Iugoslávia.

Acusado de crimes contra a humanidade e genocídio, Kayishema foi preso em uma operação que contou com a colaboração de autoridades sul-africanas e com informações fornecidas por serviços de inteligência de outras nações da África.

Ao ser detido, o homem primeiro tentou negar ser quem as autoridades buscavam, apresentando documentos falsos que usou durante os anos em que se escondeu da justiça. Depois, porém, ele admitiu que estava “esperando há muito tempo para ser preso”.

Embora tenham atuado na prisão de quarta-feira, a falta de colaboração por parte das autoridades sul-africanas vinha sendo criticada pelo IRMCT nos últimos anos. Em mais de uma ocasião Kayishema esteve perto de ser detido, mas diversos incidentes impediram a captura dele. Uma recompensa de US$ 5 milhões chegou a ser oferecida por informações que levassem à prisão dele.

“O genocídio é o crime mais grave conhecido pela humanidade. A comunidade internacional se comprometeu a garantir que seus perpetradores sejam processados ​​e punidos. Essa prisão é uma demonstração tangível de que esse compromisso não desaparece e que a justiça será feita, não importa quanto tempo demore”, disse Brammertz.

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