Quase 300 crianças morreram tentando chegar à Europa no primeiro semestre, diz Unicef

Estimativa é de que 11,6 mil crianças tenham desembarcado somente na Itália nos primeiros seis meses deste ano, o dobro do registrado em 2022

Nos primeiros seis meses deste ano, 289 crianças provenientes da África morreram tentando chegar à Europa pelo Mar Mediterrâneo. Os números foram divulgados na última sexta-feira (13) pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

“Desde 2018, o Unicef estima que cerca de 1,5 mil crianças morreram ou desapareceram tentando a travessia do Mar Mediterrâneo Central”, diz a agência da ONU (Organização das Nações Unidas). “Esse número representa uma em cada cinco das 8.274 pessoas que morreram ou desapareceram na rota.”

Mesmo cientes do risco, os menores optam por fazer a travessia em busca de melhores oportunidades de vida. E os números reais de vítimas tendem a ser ainda mais estarrecedores que os divulgados, vez que muitos naufrágios sequer são registrados.

Imigrantes aguardam socorro no Mar Mediterrâneo, em 2019 (Foto: Frontex/Francesco Malavolta)

O Acnur (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) relatou, entre janeiro e 9 de julho deste ano, 90.605 chegadas à Europa através do Mediterrâneo. A Rota Central, que sai sobretudo de Líbia e Tunísia e chega à Itália, é de longe a mais usada, respondendo por 77% das viagens.

A estimativa é de que 11,6 mil crianças tenham desembarcado somente na Itália nos primeiros seis meses deste ano, o dobro do registrado em 2022. Embora os viajantes partam em sua maioria de Líbia e Tunísia, invariavelmente fazem outras rotas perigosas saindo da África e do Médio Oriente antes de cruzarem o Mediterrâneo.

“Este é um sinal claro de que mais deve ser feito para criar caminhos seguros e legais para as crianças acessarem asilo, ao mesmo tempo fortalecendo os esforços para resgatar vidas no mar. Em última análise, muito mais deve ser feito para abordar as causas profundas que levam as crianças a arriscarem suas vidas em primeiro lugar”, disse Catherine Russell, diretora executiva do Unicef.

Considerando somente os primeiros três meses de 2023, 3,3 mil crianças que cruzaram o Mediterrâneo, o que equivale a 71% de todas que fizeram a rota, viajaram desacompanhadas ou separadas dos familiares. Segundo o Unicef, isso as coloca “em maior risco de violência, exploração e abuso”. As meninas “são especialmente propensas a sofrer violência antes, durante e depois de suas viagens.”

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