Somália anuncia a morte de terrorista que figurava em lista de procurados dos EUA

Abdullahi Nadir era um dos fundadores do grupo extremista Al-Shabaab e seria o futuro líder da organização extremista no país africano

O governo da Somália anunciou no domingo (2) que uma operação aérea realizada no dia anterior, com o apoio de forças estrangeiras, matou Abdullahi Nadir, um dos fundadores do grupo extremista Al-Shabaab e cujo nome aparecia em uma lista dos EUA de terroristas procurados. As informações são da agência Reuters.

“Sua morte é um espinho removido da nação somali”, disse comunicado do Ministério da Informação do país africano. “O governo agradece ao povo somali e aos amigos internacionais cuja cooperação facilitou a morte deste líder que era inimigo da nação somali”.

Forças da Somália em operação contra o Al Shabaab, outubro de 2012 (Foto: Wikimedia Commons)

O terrorista tinha uma recompensa de US$ 3 milhões oferecida pelo governo norte-americano. Fontes da inteligência somali afirmam que que ele estava prestes a assumir a liderança do grupo extremista no lugar de Ahmed Diriye, que está doente.

A morte de Nadir ocorre em meio ao aumento dos confrontos entre o Al-Shabaab e as forças do governo. Nesse cenário, o presidente Hassan Sheikh Mohamud já havia prometido intensificar as ações contra os extremistas, para as quais tem apoio de tropas da União Africana e dos EUA.

Em maio, o presidente norte-americano Joe Biden decidiu reenviar até 500 soldados de suas forças armadas à Somália, com a missão de ajudar o governo local a combater o Al-Shabaab. A medida serviu para reposicionar parcialmente tropas que deixaram o país durante o mandato do ex-presidente Donald Trump. Naquela ocasião, eram cerca de 700 norte-americanos dando apoio ao país africano. 

Por que isso importa?

O Al-Shabaab, grupo extremista ligado à Al-Qaeda, chegou a controlar a capital Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional, tendo inclusive se expandido para a vizinha Etiópia.

O grupo concentra seus ataques no sul e no centro da Somália. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.

Um relatório do International Crisis Group (Grupo de Crise Internacional, em tradução literal), cuja meta é prevenir guerras em todo o mundo, diz que derrotar o Al-Shabaab é uma tarefa complexa devido à quantidade de seguidores em território somali, algo na casa dos cinco mil. Assim, a melhor estratégia para o governo somali seria a negociação

“Combinada com a disfunção e a divisão entre seus adversários, a agilidade dos militantes permitiu que se inserissem na sociedade somali”, diz o documento. “Há um crescente consenso nacional e internacional de que o Al-Shabaab não pode ser derrotado apenas por meios militares”.

O relatório, porém, afirma que a diplomacia não vem sendo considerada pelo governo. “Há pouco apetite entre as elites somalis ou os parceiros internacionais do país para explorar alternativas, principalmente conversas com líderes militantes”. E acrescenta: “A alternativa é mais luta sem um fim à vista”.

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