A União Africana (UA) anunciou apoio à campanha internacional “Corrija o Mapa”, que busca substituir o tradicional mapa de Mercator pela Equal Earth, uma projeção cartográfica criada em 2018 para representar o planeta de forma mais fiel às proporções reais dos continentes. A decisão foi divulgada neste mês e repercutida pela agência Reuters.
Criado em 1569 pelo cartógrafo belga Gerardus Mercator, o mapa que leva seu nome é amplamente utilizado até hoje em serviços de navegação e aplicativos como o Google Maps. No entanto, de acordo com o Equal Earth, ele distorce a proporção das massas de terra ao afastar-se do Equador, fazendo regiões como Groenlândia e Antártida parecerem muito maiores do que realmente são. O resultado é uma redução da percepção visual da África, que, embora 14 vezes maior que a Groenlândia, aparece com dimensões semelhantes.

Para Moky Makura, diretora-executiva da organização sem fins lucrativos Africa No Filter, trata-se de um problema histórico: “O tamanho atual do mapa da África está errado. É a mais longa campanha de desinformação do mundo, e simplesmente precisa acabar”, disse à Reuters.
A projeção Equal Earth foi criada como alternativa a modelos tradicionais de representação do globo, utilizando linhas curvas para refletir a forma esférica da Terra, e busca mostrar os continentes em proporções mais próximas às reais.
Embora algumas plataformas digitais já permitam alternar entre projeções, o Mercator ainda é o padrão em muitos serviços. O Google informou que, no Maps para desktop, é possível visualizar a Terra em diferentes formatos, mas a versão móvel continua a utilizar a projeção de Mercator.
A campanha lançou ainda uma petição para pressionar organizações internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a rede BBC, a adotarem oficialmente o Equal Earth. O abaixo-assinado já reúne quase 7 mil assinaturas.
No texto da mobilização, os organizadores afirmam que a distorção não é apenas uma questão técnica de cartografia, mas também narrativa.
“Em um mundo onde tamanho é frequentemente associado a poder, reduzir a verdadeira escala da África reforça concepções equivocadas sobre sua importância geopolítica e econômica.”