Autoridades da RD Congo disseram ter encontrado os restos mortais de pelo menos 20 pessoas em uma vala comum em Kivu do Norte no fim de semana. As informações são da rede Voice of America (VOA).
Moradores de aldeias no território de Beni, no leste do país, alertaram as autoridades que encontraram ossos e roupas em uma área normalmente usada para o plantio de cacau. Uma equipe de agentes forenses e de segurança exumou os corpos.
“Pedimos às autoridades congolesas que viessem aqui para escavar esta área para que estes restos mortais fossem enterrados com dignidade e segurança. Atualmente temos os ossos de 20 pessoas, mas não conseguimos fazer buscas em toda a área por causa da situação de segurança”, disse Muyisa Kambale Sindani, representante da aldeia de Kilya.

Segundo o exército, os corpos foram encontrados em uma área que estava sob o controle da ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), uma organização paramilitar associada ao Estado Islâmico (EI) originária de Uganda acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos.
“Acabamos de saber com os especialistas do exército que a área era um reduto dos terroristas da ADF. Há pessoas inocentes que foram enterradas aqui”, relatou o capitão Anthony Mwalushayi, porta-voz das Forças Armadas Congolesas.
No início deste ano, os EUA ofereceram uma recompensa de até US$ 5 milhões por informações que pudessem levar à captura do líder do grupo, Seka Musa Baluku. Os rebeldes do ADF são acusados pela ONU (Organização das Nações Unidas) e por grupos de direitos humanos de alvejar, mutilar, estuprar e sequestrar civis, incluindo crianças.
O conflito é parte do cotidiano há décadas no leste do Congo, onde mais de 120 grupos armados lutam por poder, influência e recursos e, para alguns, para proteger suas comunidades.
Por que isso importa?
A ADF, um grupo que nasceu em 1995 em Uganda como oposição ao presidente Yoweri Museveni, tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou a fronteira e passou a agir também na RD Congo.
O grupo foi colocado na lista de sanções financeiras por Washington, classificado como terrorista, e declarou publicamente ser um braço do Estado Islâmico (EI), que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.
A ADF é acusada de realizar massacres, sequestros e saques, com um número de mortos estimado em milhares. No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída aos rebeldes. Porém, o número de civis mortos só cresceu.
Cerca de três meses depois, em agosto do ano passado, o atual presidente congolês Felix Tshisekedi declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região a fim de estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica.