Burkina Faso convive desde 2015 com a violência de grupos extremistas associados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI). A insurgência levou a um conflito com as forças de segurança nacionais, matou milhares de pessoas e gera reflexos também em nações vizinhas. Uma delas, o Togo, revelou na quinta-feira (27) que mais de quatro mil pessoas tiveram que deixar suas casas em função da piora de segurança do outro lado da fronteira.

“No total, 789 famílias, representando 4.175 pessoas deslocadas, foram identificadas, incluindo populações de países vizinhos que se refugiaram em território togolês”, disse o ministro das Comunicações do Togo e porta-voz do governo Akodah Ayewoudan, segundo o site The Defense Post.
De acordo com Ayewoudan, o governo tem fornecido apoio aos deslocados, incluindo atendimento psicológico e educação aos jovens. “O objetivo é primeiro proteger essas pessoas, garantir que continuem a viver em condições decentes, e eventualmente ajudar no seu retorno”, afirmou.
Novo foco do terrorismo na África
Até então livre da insurgência islâmica que atinge muitas nações africanas, o Togo entrou no mapa do extremismo nos últimos meses. Ao menos cinco ataques terroristas ocorreram no país desde novembro de 2021, quando as forças armadas conseguiram frustrar uma ação no norte do país. Dois dos episódios recentes, ambos em 2022, tiveram mortes registradas.
O último ataque com vítimas fatais aconteceu no dia 14 de julho, sendo também o mais mortífero de que se tem notícia do país. Na ocasião, quatro vilas do norte foram atacadas e ao menos 15 pessoas morreram, segundo testemunhas.
Embora nenhum grupo tenha reivindicado a autoria, tudo aponta para o Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM, na sigla em francês), organização extremista do Mali, vinculada à Al-Qaeda, que se expandiu internacionalmente e já surge como ameaça em países vizinhos.
Antes, em maio, um ataque realizado por homens fortemente armados terminou com a morte de oito soldados togoleses, perto da divisa com Burkina Faso. A ação foi posteriormente reivindicada pelo GSIM.