Os Estados Unidos chegaram a um acordo judicial com Khalid Sheikh Mohammed, suposto mentor dos ataques de 11 de setembro, e outros dois acusados, Walid Bin Attash e Mustafa al Hawsawi. Após 27 meses de negociações, o acordo pré-julgamento retira a pena de morte da mesa. As informações são da rede CNN.
O Departamento de Defesa anunciou a decisão em um comunicado à imprensa, após os promotores informarem as famílias das vítimas e sobreviventes do 11 de setembro.
Uma declaração do Pentágono informou que nenhum detalhe do acordo seria divulgado imediatamente. No entanto, o New York Times relatou que Mohammed, Attash e al Hawsawi concordaram em se declarar culpados de conspiração em troca de uma sentença de prisão perpétua, evitando assim o julgamento que poderia resultar na pena de morte.

A proposta dos promotores, enviada em uma carta no ano passado, dividiu as famílias das quase três mil vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001. Enquanto alguns familiares ainda querem que os réus enfrentem a pena máxima, outras aceitaram o acordo.
Mohammed e seus co-réus devem se declarar culpados em uma audiência que pode acontecer já na próxima semana, conforme indica a carta.
Grande parte da disputa jurídica sobre esses casos girou em torno da questão de se eles poderiam ter um julgamento justo após terem sido torturados pela CIA nos anos após o 11 de setembro. Os acordos de confissão de culpa ajudam a evitar esse problema.
Mohammed era considerado um dos tenentes mais confiáveis e inteligentes de Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda, antes de ser capturado em março de 2003 no Paquistão. Ele passou três anos em prisões secretas da CIA antes de ser levado para Guantánamo em 2006.
Engenheiro formado em universidade norte-americana, ele planejou os ataques de 11 de setembro, e também afirmou ter decapitado o jornalista Daniel Pearl em 2002 e de ter participado do atentado ao World Trade Center em 1993.
O acordo
O acordo de confissão de culpa evita um longo e complicado julgamento de pena de morte para Mohammed. Peter Bergen, especialista em terrorismo e e analista de segurança nacional ouvido pela reportagem, comentou que este é o melhor acordo possível, dada a situação. Ele observou que o governo dos EUA enfrentava dificuldades para avançar com o caso, que estava parado há duas décadas desde a captura de Mohammed, e considerou que alcançar algum acordo é um progresso.
“É o acordo menos ruim que poderia acontecer no mundo real”, disse.
O julgamento estava agendado para começar em 11 de janeiro de 2021, mas foi adiado devido a atrasos provocados pela renúncia de dois juízes e pela pandemia de coronavírus.
Os três supostos conspiradores ainda terão uma audiência de sentença, onde as partes apresentarão evidências para discutir uma pena apropriada, que não será a pena de morte. Essa audiência não ocorrerá antes do próximo bimestre, conforme indicado na carta enviada às famílias.
Relembre
No dia 11 de setembro de 2001, ataques simultâneos coordenados pela Al-Qaeda causaram a morte de quase 3 mil pessoas nos Estados Unidos. Os terroristas sequestraram quatro aviões com o objetivo de atingir proeminentes alvos norte-americanos, entre eles as torres gêmeas do World Trade Center (WTC), na cidade de Nova York. Mais de 400 socorristas foram mortos naquele dia, a maioria deles bombeiros.
Além da devastação física, esses eventos tiveram um impacto profundo na política e segurança global. Os ataques levaram à intensificação da “Guerra ao Terror”, incluindo a invasão do Afeganistão para derrubar o regime do Taleban e à criação do Departamento de Segurança Interna dos EUA. Eles também resultaram em mudanças significativas nas políticas de segurança, tanto nos Estados Unidos quanto em todo o mundo.