Após 30 anos, Argentina culpa o Hezbollah e o Irã por atentado terrorista mortal

Reconhecimento de que Teerã teve participação no atentado de 1994 abre caminho para que familiares entrem com ações judiciais contra o país

A mais alta corte criminal da Argentina decidiu na quinta-feira (11) que o Hezbollah e seu principal patrocinador, o governo do Irã, foram responsáveis pelo atentado terrorista que matou 85 pessoas em Buenos Aires em 1994. O veredito foi obtido em primeira mão pela agência Associated Press (AP).

A Argentina abriga a maior comunidade judaica na América Latina e a sétima maior do mundo fora de Israel. Há no país um histórico de violência contra judeus, sendo o ataque de 1994 o mais duro. Na oportunidade, 85 pessoas morreram e mais de 300 se feriram quando uma explosão atingiu a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA).

Fachada da AMIA, em Buenos Aires, que carrega no muro os nomes das vítimas de um violento atentado contra os judeus em 1994 (Foto: Andy Sternberg/Flickr)

Agora, 30 anos depois e seguindo-se a muitas investigações infrutíferas, o Tribunal de Cassação da Argentina sentenciou que o grupo radical libanês e o governo iraniano coordenaram o ataque em represália a uma decisão do governo argentino, que à época renegou um acordo nuclear com Teerã.

O reconhecimento de envolvimento do Irã na trama terrorista não é novidade, e o Tribunal não chegou a apresentar qualquer evidência para embasar a decisão. Porém, ela configura uma importante formalidade ao abrir espaço para que familiares das vítimas abram eventuais processos contra o governo iraniano buscando algum tipo de reparação.

“A importância destas graves violações dos direitos humanos para a comunidade internacional como um todo invoca o dever do Estado de fornecer proteção judicial”, afirma a decisão, que ainda classificou o ataque como um “crime contra a humanidade”.

Após a decisão, Israel aproveitou a oportunidade e disse que enviará um pedido a Buenos Aires para que a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC) seja declarada uma organização terrorista, considerando seu apoio ao Hezbollah e o papel de alguns de seus membros na explosão.

A Argentina já havia adotado decisão semelhante ao classificar o Hezbollah como uma organização terrorista, o que ainda levou o governo a congelar os ativos que o grupo mantinha no país.

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