A capacidade dos governo norte-americano de impedir que US$ 8,2 bilhões em ajuda humanitária não utilizada cheguem a organizações terroristas foi severamente comprometida após o congelamento de financiamentos externos e a dispensa de funcionários da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O alerta está em um relatório do escritório do inspetor-geral da agência, com informações reproduzidas pelo jornal The Times of Israel.
De acordo com o documento, o desmonte da estrutura da USAID deixou o controle sobre o uso dos recursos “largamente inoperante”, aumentando o risco de que fundos possam, inadvertidamente, financiar grupos como Hamas, Hezbollah, Houthis e o Estado Islâmico (EI). O relatório destaca que o bloqueio de recursos resultou na dispensa de monitores encarregados de garantir que a ajuda não fosse desviada para essas organizações.
“Essa lacuna deixa a USAID suscetível a financiar inadvertidamente entidades ou salários de indivíduos associados a organizações terroristas designadas pelos EUA”, afirma o texto da auditoria.

O congelamento da assistência externa foi decretado em 20 de janeiro, por uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump. A medida forçou o encerramento de programas de ajuda e desenvolvimento financiados pelos EUA em diversas partes do mundo, resultando na demissão de equipes responsáveis pela fiscalização do uso dos recursos.
O inspetor-geral destacou ainda que, nas últimas duas semanas, a escassez de pessoal e as restrições de comunicação com organizações de ajuda humanitária reduziram a capacidade da USAID de “receber, reagir e relatar alegações de desvio” de fundos. O problema é agravado por denúncias anteriores de desvio de recursos por parte do Hamas em Gaza.
Em um relatório de julho, o órgão já havia recomendado o fortalecimento do treinamento de funcionários da agência para melhorar a triagem de possíveis desvios de ajuda. No entanto, o recente corte de verbas e a redução das equipes dificultaram a implementação dessas medidas.
O secretário de Estado Marco Rubio afirmou ter tentado mitigar os impactos da decisão ao emitir uma isenção que permite a continuidade de programas de alimentação de emergência e outras iniciativas consideradas “essenciais para salvar vidas”. No entanto, a auditoria aponta que essas exceções são insuficientes para garantir o controle total dos recursos.