EUA iniciam relocação de fuzileiros de Okinawa para Guam

A medida faz parte de um esforço dos Estados Unidos e do Japão para reduzir a presença militar no extremo sul do país, onde os americanos estão desde a pós-Segunda Guerra Mundial

A transferência de tropas norte-americanas de Okinawa, no Japão, para o território insular de Guam, começou oficialmente no último sábado (14). O movimento faz parte de um esforço de longo prazo entre os Estados Unidos e Tóquio para reduzir a concentração militar na província no extremo sul do país, onde a presença americana ocorre desde o pós Segunda Guerra Mundial. As informações são da Eurasian Times.

O processo começou com o envio de 100 fuzileiros navais para Guam, que serão responsáveis ​​por preparar a chegada de outros militares nos próximos anos. No total, cerca de nove mil dos 19 mil fuzileiros atualmente em Okinawa serão transferidos. Desses, quatro mil irão para Guam, enquanto os demais serão redistribuídos para outras bases no Pacífico.

Futenma, base do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos situada na cidade de Ginowan, na província de Okinawa (Foto: WikiCommons)

A transferência visa reduzir o impacto da presença militar em Okinawa, que abriga 70% das instalações americanas no Japão, apesar de representar apenas 0,6% do território do país. Há décadas, os moradores locais reclamam de problemas como poluição, ruídos, crimes envolvendo militares e danos ambientais.

Casos graves, como o estupro de uma menina por três soldados americanos em 1995, aumentaram o ressentimento da população. Recentemente, um oficial da Força Aérea foi condenado por agressão sexual, reacendendo críticas à conduta das tropas na região.

Novo polo estratégico no Pacífico

Enquanto isso, Guam, um território insular dos EUA na Micronésia, se prepara para assumir maior importância estratégica no Indo-Pacífico.

Lá, a Marinha dos Estados Unidos inaugurou a primeira base naval em mais de sete décadas. A base, denominada Camp Blaz, será um ponto chave no esforço militar americano para fortalecer sua presença no Indo-Pacífico, região estratégica estratégica pelas crescentes tensões com a China.

Situada nas Ilhas Marianas, Guam foi adquirida pelos Estados Unidos após a Guerra Hispano-Americana em 1898 e, desde 1950, é um território não incorporado. Lar de importantes operações da Força Aérea e da Marinha, a ilha agora se consolida como um centro militar fundamental na região.

O Japão contribuiu com US$ 2,8 bilhões para construir uma infraestrutura militar em Guam. A ilha, que já abrigou bases da Força Aérea e da Marinha dos EUA, verá um aumento de 15,5 mil pessoas na sua população militar até 2037, segundas estimativas.

O que vem a seguir?

Apesar de a transferência ser vista como um problema para Okinawa, não é claro que isso será suficiente para resolver os problemas locais. Além disso, o Japão continua reforçando sua presença militar na região, citando ameaças crescentes, como Beijing.

A redistribuição de tropas reflete o equilíbrio buscado pelos Estados Unidos entre fortalecer sua presença estratégica e metas de sensibilidade regionais, um desafio contínuo na aliança EUA-Japão.

80 anos de presença

As tropas dos Estados Unidos estão presentes em Okinawa desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando assumiram o controle da ilha, transformando-a em um ponto estratégico no Pacífico. Durante a batalha de 1945, cerca de um quarto da população local perdeu a vida.

Em 1952, enquanto a restante do Japão recuperava sua soberania após a ocupação dos Aliados, Okinawa estava sob administração americana. A ilha só foi devolvida ao Japão em 1972, por meio do Acordo de Reversão de Okinawa. No entanto, os EUA mantiveram uma presença militar significativa, como parte do pacto de segurança bilateral entre os dois países.

Atualmente, Okinawa abriga cerca de 70% das instalações militares americanas no Japão, em grande parte devido à sua localização estratégica no Indo-Pacífico. Muitas bases foram construídas após a desapropriação de terrenos e a demolição de residências de moradores locais.

A presença militar é considerada crucial para dissuadir ameaças regionais, como as representadas pela China e pela Coreia do Norte.

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