Joe Biden impõe novas restrições comerciais aos mercenários do Wagner Group

Organização terá acesso vetado a tecnologias produzidas em todo mundo que usem equipamento norte-americanos

O presidente dos EUA, Joe Biden, impôs novas e significativas restrições comerciais ao Wagner Group, organização paramilitar privada que serve aos interesses do Kremlin e tem desempenhado papel crucial na guerra na Ucrânia. As informações são da agência Reuters.

O Wagner, que em 2017 foi inserido na lista de sanções comerciais dos EUA, agora passará a ser rotulado como usuário final militar. Assim, terá acesso vetado a tecnologias produzidas em qualquer lugar do mundo que façam uso de equipamentos norte-americanos.

“O Wagner Group é uma das organizações mercenárias mais notórias do mundo e está cometendo ativamente atrocidades e abusos dos direitos humanos em toda a Ucrânia”, disse Alan Estevez, subsecretário de Comércio para Indústria e Segurança.

Porta da nova sede do Wagner Group tem a logomarca da organização (Foto: reprodução/VK)

Estevez reforçou a denúncia de que a organização paramilitar serve ao governo da Rússia e disse que outras entidades nessa situação serão igualmente alvo de Washington. “Hoje estamos enviando uma mensagem clara aos atores não estatais que buscam pegar o bastão da brutalidade das vacilantes forças armadas de Putin de que o Departamento de Comércio não hesitará em agir contra eles”, afirmou.

As restrições foram estabelecidas em meio à visita aos EUA do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que esteve na Casa Branca na quarta-feira (21) e voltou a ouvir a promessa de apoio norte-americano para enfrentar a agressão russa.

Por que isso importa?

O nome do Wagner Group remete ao pseudônimo do fundador Dmitriy ‘Wagner’ Valeryevich Utkin, que por sua vez tomou como referência o compositor alemão favorito de Hitler e um dos símbolos da Alemanha nazista. Já Evgeny Prigozhin, importante aliado do presidente russo Vladimir Putin, é responsável pelo financiamento da organização e passou a ser a cara mais conhecida à frente dela.

A atuação do Wagner sempre foi envolta em mistério, inclusive com alegações de que sequer existia. Porém, as inesperadas dificuldades enfrentadas por Moscou na guerra na Ucrânia levaram o Kremlin a buscar reforços, e os mercenários surgiram como alternativa. A ponto de o grupo ter o nome citado na TV estatal e de ter criado uma campanha para recrutar novos membros na Rússia.

Há indícios de que ao menos dez mil pessoas já serviram ao Wagner Group desde que ele deu as caras pela primeira vez. Foi em 2014, quando os mercenários foram destacados para dar suporte às forças separatistas pró-Rússia da região de Donbass e na Crimeia, na Ucrânia.

De lá para cá, há sinais de presença do grupo em conflitos em diversos países, principalmente na África. Os mercenários são acusados de inúmeros crimes de guerra, e agora acredita-se que por volta de mil deles estejam em ação na guerra iniciada no dia 24 de fevereiro de 2022.

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