Durante a convenção conservadora “Europa Viva 24”, realizada no domingo (19) em Madrid pelo partido de extrema direita Vox, o presidente argentino Javier Milei causou controvérsia ao chamar a esposa do presidente espanhol Pedro Sánchez, de “corrupta”. Várias personalidades da extrema direita europeia estiveram presentes no evento, incluindo Marine Le Pen. Giorgia Meloni e Viktor Orbán também participaram, enviando mensagens gravadas para o comício. As informações são do jornal La Nación.
Milei declarou que as elites globais não percebem o quão destrutivas podem ser as ideias socialistas, referindo-se aos supostos casos de corrupção envolvendo a primeira-dama Begoña Gómez e às investigações sobre tráfico de influência. Ele mencionou que “mesmo quando você tem uma mulher corrupta [e ela se suja] e leva cinco dias para pensar”.
Em abril, um tribunal espanhol anunciou a investigação de acusações de tráfico de influência e corrupção empresarial contra Begoña, apresentadas pelo grupo anticorrupção “Manos Limpias”. No entanto, o Ministério Público de Madrid apelou para que o caso fosse arquivado por falta de provas. Após a investigação ser anunciada, Sánchez decidiu permanecer no cargo após cinco dias avaliando seu futuro. Ele rejeitou as acusações contra sua esposa, alegando serem parte de uma campanha de assédio político das forças de direita.
Em resposta às declarações de Milei, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, afirmou que espera um pedido de desculpas do chefe da Casa Rosada. “Com seu comportamento, Milei levou a relação entre Madrid e Buenos Aires ao estado mais sério da história recente”, disse Albares em um comunicado. A Espanha também convocou a embaixadora em Buenos Aires para consultas.
“É inaceitável que um presidente em exercício, em visita à Espanha, insulte o país e o presidente do governo espanhol”, acrescentou Albares, que nesta segunda-feira exigiu que o líder argentino apresentasse um pedido de desculpas por seus comentários.
No entanto, o porta-voz de Milei afirmou que o líder argentino não se desculparia, destacando que as autoridades espanholas deveriam retratar-se dos insultos que fizeram contra ele, segundo a agência Al Jazeera.
Outros ministros de Sánchez, que é líder do Partido Socialista da Espanha, também criticaram fortemente o ultraliberal argentino, que em seu discurso chamou o socialismo de “amaldiçoado e cancerígeno”.
A visita de Milei ainda quebrou o protocolo diplomático, já ele se recusou a se encontrar com o rei Felipe VI e com o presidente Sánchez. Em vez disso, o mandatário argentino escolheu promover seu livro ao lado do líder do Vox, Santiago Abascal, durante um comício do partido.
O chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmou no X, antigo Twitter, que “os ataques contra familiares de líderes políticos não têm lugar na nossa cultura”.