Novos cabos submarinos irão redesenhar a conectividade da América Latina

Investimentos em novos cabos submarinos buscam descentralizar hubs de conexão, ampliar a capacidade de transmissão e reforçar a segurança digital da América Latina

A infraestrutura digital da América Latina passa por uma etapa de renovação. Diversas operadoras e empresas de tecnologia anunciaram a instalação de cabos submarinos de fibra óptica, medida que responde tanto ao envelhecimento de sistemas já em operação quanto ao crescimento da demanda por tráfego de dados. As informações são da BNamericas.

Mais de 80 cabos atravessam atualmente o fundo do mar da região, a maioria controlada por consórcios de telecomunicações e gigantes de internet. No entanto, os pontos de entrada dessas conexões seguem concentrados. Fortaleza, no Ceará, é o maior exemplo: a cidade abriga 16 cabos, configurando-se como o principal hub de conectividade internacional latino-americana.

(Imagem: Unsplash)

O governo brasileiro pretende descentralizar esse modelo. O Ministério das Comunicações trabalha em uma política para atrair investimentos em novos pontos de aterragem, com foco em Belém (PA) e Porto Alegre (RS). A iniciativa prevê incentivos e criação de zonas de interesse para fortalecer a segurança e a qualidade do tráfego de dados.

Além dos sistemas internacionais, cresce também o interesse por redes festoon, cabos que percorrem a costa de um mesmo país e permitem conectar cidades litorâneas, alternativa para evitar terrenos de difícil infraestrutura em rotas terrestres.

Projetos em destaque

Maya-1.2 – Desenvolvido pela Liberty Networks, o cabo de 2.386 km conectará Hollywood (EUA), Puerto Cortés (Honduras) e Half Moon Bay (Grand Cayman). Instalado pela Alcatel Submarine Networks, o sistema deve começar a operar no primeiro semestre de 2026.

CSN-1 – A Telconet, do Equador, investe US$ 300 milhões no cabo CSN-1, além de US$ 250 milhões em seis data centers próximos às estações de aterragem. O lançamento do cabo, conduzido pela Alcatel Submarine Networks, já começou no Caribe.

TAM-1 – Da Trans Americas Fiber Systems, o TAM-1 terá 7.000 km de extensão, ligando a Flórida a países da América Central e Caribe, com pontos de ancoragem na Colômbia, México, Guatemala, Honduras, Costa Rica e Panamá. O sistema deve ser concluído entre o final de 2025 e o início de 2026.

Celia CETC – Financiado pela Comissão Europeia, o cabo contará com 1.888 km de extensão e capacidade de 40 Tbps. Além de Aruba e Martinica, terá ramificações para Curaçao, Porto Rico, República Dominicana, Colômbia e outros destinos, com conclusão prevista para 2027.

Chile China Express (CCE) – O projeto, conduzido pela Inchcape Shipping Services, pretende conectar o Chile a Hong Kong. A proposta busca reduzir a dependência de rotas que passam pelos EUA e ampliar a conectividade entre América do Sul e Ásia.

EllaLink – O sistema que liga América do Sul e Europa ganhará novas rotas: uma extensão até Belém e outra até a Guiana Francesa, no âmbito do projeto Lum@link, apoiado pelo programa europeu Connecting Europe Facility.

Perspectivas

Outras iniciativas estão em fase de planejamento, como o Humboldt (Chile-Austrália), o Manta (Caribe), além dos cabos Firmina e Nuvem, do Google, e a extensão do Malbec até Porto Alegre. A soma desses projetos indica uma reconfiguração da malha submarina latino-americana, com efeitos diretos na velocidade, segurança e diversidade da conectividade internacional da região.

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