ONU: Relator condena intervenção no Supremo Tribunal em El Salvador

Decisão de destituir todos os magistrados não seguiu procedimentos necessários, disse relator da ONU

Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONUNews, da Organização das Nações Unidas

O relator de direitos humanos da ONU para independência de juízes e advogados criticou a destituição de todos os magistrados do Supremo Tribunal de Justiça de El Salvador assim como do procurador-geral da nação. 

Em comunicado, Diego García-Sayán disse que está “seriamente preocupado” com a decisão da Assembleia Legislativa do país centro-americano, anunciada no sábado (1).

Para o relator, a medida executada em poucas horas pelo Congresso de El Salvador não cumpriu as mínimas garantias e trâmites devidos nesses casos. 

ONU: Relator condena intervenção no Supremo Tribunal em El Salvador
Murais em Cruz Roja, em San Salvador, capital de El Salvador (Foto: PMA/Rein Skullerud)

O especialista em direitos humanos diz que a decisão seguiu a seleção e nomeação precipitadas. Para García-Sayán, faltou transparência. 

Ele afirma que esses passos contra a independência do Judiciário aconteceram “numa intensa interação com a decisão e intervenção política” do próprio presidente do país, Nayib Bukele, cujo “partido controla o Congresso”. 

García-Sayán diz que a decisão de destituir os magistrados viola o artigo 172 da Constituição de El Salvador que garante a independência dos juízes do Supremo Tribunal.

Separação 

A medida também fere normas internacionais como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, os princípios básicos da ONU sobre a independência dos juízes e as diretrizes sobre o papel de procuradores e promotores. 

O relator ressalta que a destituição desrespeita as sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos. 

Para Diego García-Sayán, as instituições democráticas, a separação de poderes e a independência do Poder Judiciário estão sendo atacadas em El Salvador. 

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