Pesquisa indica que Rússia usou desinformação sobre furacões para impactar americanos

O material, veiculado pela mídia estatal russa e por redes de contas e sites nas redes sociais, critica a resposta da Casa Branca aos furacões Helene e Milton

A Rússia contribuiu para disseminar na internet fake news sobre os recentes furacões nos Estados Unidos e sobre a resposta do governo federal. Segundo uma nova pesquisa, essa ação faz parte de um esforço maior do Kremlin para influenciar o discurso político norte-americano antes das próximas eleições presidenciais. As informações são da Associated Press.

O material, disseminado pela mídia estatal russa e por redes de contas e sites nas redes sociais, critica a resposta do governo federal aos furacões Helene e Milton, aproveitando preocupações legítimas sobre os esforços de recuperação para apresentar os líderes americanos como incompetentes e corruptos, segundo uma pesquisa do Instituto de Diálogo Estratégico (ISD, da sigla em inglês). A organização, baseada em Londres, acompanha a desinformação e o extremismo na internet.

Em certas situações, as afirmações sobre tempestades incluem imagens falsas geradas por inteligência artificial (IA), como uma foto que mostra cenas de enchentes devastadoras na Disney World que nunca ocorreram, de acordo com os pesquisadores.

O furacão Milton é retratado no Golfo do México (Foto: NASA Johnson/Flickr)

O Kremlin costuma explorar temas polêmicos nos EUA, como imigração, racismo, criminalidade e economia, em campanhas de desinformação para apresentar o país como corrupto e violento.

Autoridades de inteligência dos EUA e empresas de tecnologia afirmam que a atividade russa cresceu significativamente antes das eleições de 5 de novembro, com Moscou buscando enfraquecer seu principal rival global.

Ao explorar preocupações legítimas sobre a recuperação de desastres, as agências de desinformação da Rússia conseguem penetrar no debate público dos EUA, usando temas polêmicos para enfraquecer a confiança dos americanos em seu governo e entre si.

“Essas não são situações criadas por agentes estrangeiros”, explicou Melanie Smith, diretora de pesquisa do ISD. “Eles estão apenas adicionando combustível a incêndios que já estão acesos.”

O ISD identificou postagens em inglês e propaganda em russo focadas em atacar a Agência Federal de Gestão de Emergências e o governo Biden e Kamala Harris, sua vice, que enfrentam Donald Trump na corrida pela Casa Branca.

A invasão da Ucrânia ainda é o principal incentivo para o Kremlin divulgar desinformação sobre a resposta ao furacão. Se a Rússia conseguir convencer um número significativo de americanos a se oporem ao apoio dos EUA à Ucrânia, isso poderia favorecer uma vitória para Moscou, afirmam autoridades e analistas.

Pesquisadores do ISD constataram que agentes de desinformação russos tiraram proveito da fraca moderação de conteúdo em plataformas de mídia social dos EUA, como o X, após Elon Musk revogar regras que exigiam rótulos para conteúdos de mídia estatal autoritária. Isso resultou em um aumento da propaganda estrangeira, discurso de ódio e recrutamento extremista, disse a pesquisa.

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