A crise no relacionamento entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o bilionário Elon Musk ganhou um novo capítulo com o envolvimento da Rússia. Na última sexta-feira (6), o deputado russo Dmitry Novikov afirmou que Moscou poderia conceder asilo político ao empresário caso ele venha a precisar, segundo relato do jornal The Moscow Times.
A declaração ocorreu um dia após Musk e Trump trocarem ameaças públicas, expondo uma ruptura na aliança construída desde a eleição presidencial de 2024. O estopim da crise foi o projeto de lei que amplia gastos e cortes de impostos, criticado duramente pelo empresário. A resposta foi o cancelamento de contratos do governo com empresas ligadas ao bilionário.

“Se ele precisasse de asilo político, é claro que a Rússia poderia oferecê-lo”, declarou Novikov, que é vice-presidente do Comitê de Assuntos Internacionais da Duma, a câmara baixa do parlamento russo. No entanto, o deputado, que integra o Partido Comunista, ponderou que o empresário “está jogando um jogo completamente diferente e não vai precisar de asilo político”.
O Kremlin, por sua vez, adotou uma postura mais cautelosa. O porta-voz Dmitry Peskov evitou tomar partido na disputa entre o presidente americano e o bilionário. “Essa é uma questão doméstica dos Estados Unidos e não pretendemos interferir”, afirmou. “Confiamos que o presidente dos EUA lidará com essa situação por conta própria.”
Não é a primeira vez que a Rússia sinaliza abrigo a figuras em conflito com Washington. O país já concedeu asilo ao ex-agente da NSA Edward Snowden e ao blogueiro britânico Graham Phillips, simpatizante do governo russo.
A briga com Trump culminou na renúncia de Musk ao cargo de diretor da agência federal DOGE, criada para reduzir os gastos públicos. O bilionário, que havia doado US$ 300 milhões à campanha de reeleição de Trump, declarou que o presidente não teria vencido sem seu apoio. O embate teve reflexo direto nas bolsas, com queda nas ações da Tesla e ameaça de Musk de encerrar um importante programa espacial dos EUA.