Washington não tem mais de onde tirar dinheiro, mas promete manter apoio a Kiev

Secretário de Defesa dos EUA alerta que a Ucrânia está ameaçada de aniquilação e tenta assegurar suporte através dos aliados

A fonte em Washington secou. Com pouco dinheiro disponível e tendo que superar também barreiras políticas internas, nesta terça-feira (19) o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, alertou que a Ucrânia está sob ameaça de aniquilação, buscando convencer os aliados ocidentais do compromisso contínuo da Casa Branca com Kiev, apesar das limitações financeiras. E sustentou que seu país continuará a apoiar os ucranianos na guerra contra a Rússia, mesmo se o Congresso não fornecer financiamento para mais armas, segundo informações da agência Reuters.

“Os Estados Unidos não permitirão que a Ucrânia fracasse”, afirmou Austin durante a reunião mensal do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia (UDCG, da sigla em inglês), em um discurso para mais de 50 líderes de defesa europeus e internacionais na Base Aérea de Ramstein, na Alemanha, e acrescentou que “esta coalizão e o mundo livre estão comprometidos” em garantir que a Ucrânia tenha sucesso.

Mike Johnson, líder republicano da Câmara dos Deputados, tem resistido à votação de um projeto de lei para fornecer mais US$ 60 bilhões a Kiev, enquanto a Casa Branca procura alternativas para fornecer assistência ao país, que resiste às forças russas desde fevereiro de 2022.

Em outubro, Joe Biden solicitou cerca de US$ 61,5 bilhões para ajudar a fornecer armas à Ucrânia e repor os estoques dos EUA. No entanto, com os recursos para Kiev esgotados e o Congresso em impasse sobre políticas de segurança fronteiriças, Washington não conseguiu enviar a tão necessária assistência para o país invadido nos mesmos níveis dos últimos dois anos.

Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, em fotografia de 2021 (Foto: WikiCommons)

Durante a reunião do UDCG, líderes de outras nações prometeram nova ajuda à Ucrânia. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, anunciou que a Alemanha fornecerá munições, veículos blindados e de transporte no valor de cerca de 542 milhões de dólares, relatou a agência Associated Press.

Austin seguiu a cúpula enfatizando que a Ucrânia está enfrentando “uma ameaça à sua sobrevivência”, o que também coloca em risco a segurança nacional. Ele reiterou seu compromisso em manter a assistência de segurança e o fornecimento de munições dos EUA, destacando a importância vital disso para o país invadido e “a honra e segurança” norte-americana.

Em sua primeira viagem desde o tratamento de câncer de próstata neste ano, Austin não especificou como Washington planeja apoiar a Ucrânia sem financiamento adicional. A falta de fundos já está afetando a Ucrânia, obrigando suas forças a lidar com recursos limitados, dizem autoridades.

“Estou certo de que nossos aliados estão cientes da nossa situação financeira, e os ucranianos mais do que ninguém”, disse um alto funcionário de Defesa dos EUA, sob condição de anonimato.

Enquanto isso, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu mais defesas aéreas dos aliados de Kiev, relatando ataques intensos da Rússia com 130 mísseis, 320 drones de ataque e quase 900 bombas guiadas somente neste mês. Seu homônimo nos EUA, Joe Biden, anunciou envio de US$ 300 milhões em ajuda militar à Ucrânia na semana passada, atribuindo à economia inesperada de contratos do Pentágono.

Primeira ajuda do ano

Este pacote de ajuda é a primeira remessa de armas enviada pelo governo Biden desde dezembro, em um contexto em que condições de batalha na Ucrânia se tornam cada vez mais complicadas para Kiev. O financiamento, descrito como um “tiro único”, permitiu ao Departamento de Defesa usar a Autoridade de Saque Presidencial (PDA, na sigla em inglês), instrumento que permite à Casa Branca enviar à Ucrânia transferências imediatas de armas e munições dos estoques militares americanos. Os fundos restantes são utilizados para adquirir itens de reposição, assegurando que as forças armadas dos EUA estejam “preparadas para o combate e para proteger a pátria”, segundo a reportagem da Associated Press.

Nos últimos três meses, os líderes dos EUA afirmaram que não podiam fornecer mais armas devido à falta de financiamento para reabastecer os estoques. O Congresso está em um impasse sobre um projeto de lei de 95 bilhões de dólares, que inclui cerca de 60 bilhões em ajuda à Ucrânia. Apesar do apoio bipartidário, vários republicanos se opõem ao projeto, e o presidente da Câmara, Mike Johnson, recusou-se a levá-lo para votação.

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