Ativistas tibetanos são retirados de amistoso EUA x China, mas voltam após pedido do público

Torcedores vaiaram a repressão e pediram liberdade de expressão; grupo exibiu faixas e camisetas com a frase 'Tibete Livre'

Um grupo de ativistas tibetanos realizou um protesto durante a partida de futebol feminino entre as seleções dos EUA e da China, no último sábado (31), no estado norte-americano de Minnesota. Com camisetas e faixas brancas estampadas com a frase “Free Tibet” (Tibete Livre, em tradução literal), os manifestantes chegaram a ser expulsos do estádio durante o amistoso, vencido pelas americanas por 3 a 0. Entretanto, a reação da torcida em apoio a eles levou as autoridades a voltar a trás. As informações são da Radio Free Asia (RFA).

O grupo, formado por oito pessoas, estava posicionado próximo ao banco da equipe chinesa. Jogadoras e membros da delegação da China pediram à segurança que os manifestantes fossem retirados, e os ativistas chegaram a ser conduzidos para fora do estádio. A medida, no entanto, provocou a reação imediata da plateia, que passou a vaiar e gritar “Let them stay” (Deixe-os ficar) e “Free speech” (Liberdade de expressão).

Manifestação pela liberdade do Tibete na Suíça, março de 2008 (Foto: FzNa/Flickr)

Diante da pressão dos torcedores, os responsáveis pelo estádio autorizaram o retorno dos manifestantes aos assentos. As faixas foram confiscadas, mas eles permaneceram com as camisetas e passaram a erguer bandeiras nacionais do Tibete, símbolo banido pelas autoridades chinesas dentro do território tibetano.

“O maior aprendizado é que, se os tibetanos se levantarem, erguerem suas vozes e agirem por nossa causa, as pessoas do mundo automaticamente se levantarão em apoio”, declarou Tenzin Palsang, uma das manifestantes, à RFA.

Presidente da seção de Minnesota do Congresso da Juventude Tibetana Regional, Palsang disse que o gesto foi também uma crítica à atuação de Beijing. “A China não joga apenas futebol. Eles também jogam com os direitos humanos”, afirmou. Ela denunciou ainda as condições enfrentadas por crianças tibetanas em internatos forçados administrados pelo governo chinês, onde, segundo ela, são submetidas a uma educação “patriótica” com foco na lealdade ao Partido [Comunista Chinês] e ensino em mandarim.

Segundo o relatório Freedom in the World 2025, da organização Freedom House, o Tibete recebeu nota 0 no índice de liberdades civis e políticas, sendo classificado como um dos locais menos livres do planeta. A China anexou o território em 1950 e, desde então, é acusada de conduzir uma campanha sistemática para apagar a cultura e a identidade tibetanas.

O governo chinês nega as acusações de repressão e afirma que promove o desenvolvimento econômico e melhorias na qualidade de vida dos cerca de seis milhões de tibetanos que vivem na região.

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