Balões com lixo norte-coreano geram alarme de ataque aéreo na Coreia do Sul

O alerta foi enviado a moradores da província de Gyeonggi após o Norte enviar uma grande quantidade de lixo através da fronteira

O relógio se aproximava da meia-noite de terça-feira (28), pelo horário local, quando celulares em partes da província de Gyeonggi, na Coreia do Sul, emitiram um alerta das autoridades sobre um “ataque aéreo”, provocando pânico entre os residentes próximos a uma das fronteiras mais protegidas do mundo. Não era o que parecia, no entanto, sendo apenas uma retaliação norte-coreana malcheirosa. As informações são da rede Radio Free Europe.

O aviso solicitava aos moradores que denunciassem quaisquer objetos não identificados no céu. Mais tarde, foi constatado que a “ameaça”, na verdade, eram centenas balões vindos da Coreia do Norte, carregando lixo e fezes. As autoridades sul-coreanas informaram posteriormente que a expressão “ataque aéreo” havia sido usada erroneamente, causando uma confusão desnecessária entre a população.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS, da sigla em inglês) informou que a nação vizinha enviou mais de 200 balões com lixo, incluindo garrafas plásticas, baterias e esterco animal, através da fronteira. Os balões seguiram para o sul madrugada adentro, chegando até a província de Gyeongsang. O JCS orientou os moradores a não tocarem nos objetos estranhos e lembrou que balões norte-coreanos já causaram danos em 2016.

A paisagem urbana em cidade na província de Gyeonggi, na Coreia do Sul (Foto: WikiCommons)

Acredita-se que o envio desses balões seja uma resposta da Coreia do Norte a uma ação semelhante realizada por ativistas sul-coreanos, segundo a agência AFP. No fim de semana anterior, esses ativistas enviaram balões para o Norte com panfletos criticando o regime de Kim Jong-un e cartões de memória com músicas de K-pop, proibidas em território norte-coreano.

“Esses atos da Coreia do Norte violam o direito internacional e ameaçam a segurança do nosso povo”, afirmou o JCS em comunicado. “Advertimos severamente a Coreia do Norte para que pare imediatamente com esses atos desumanos e vulgares”.

O JCS acrescentou que está elaborando medidas de segurança com a polícia e o governo, e cooperando com o Comando da ONU (Organização das Nações Unidas) liderado pelos EUA, responsável por supervisionar a Zona Desmilitarizada entre as Coreias.

Pyongyang já havia emitido recentes ameaças de retaliação. Kim Kang Il, vice-ministro da Defesa, afirmou em um comunicado no último domingo (26) que medidas retaliatórias seriam tomadas contra a frequente distribuição de folhetos e outros detritos pela Coreia do Sul nas áreas fronteiriças. Ele advertiu que “montes de papel e sujeira em breve serão espalhados pelas áreas fronteiriças e pelo interior da República da Coreia”, destacando que Seul sentirá diretamente o esforço necessário para removê-los.

Neste mês, os Combatentes por uma Coreia do Norte Livre, um grupo de ativistas sul-coreanos que advogam pela democratização e pela liberdade no país vizinho baseados em Seul, lançaram os últimos balões em direção ao Norte. Uma faixa presa ao balão acusava o líder norte-coreano de traição: “Kim Jong-un, você é um traidor implacável, um inimigo do povo coreano”.

Uma das nações mais fechadas do mundo, a Coreia do Norte teme que informações externas possam minar o domínio de sua liderança. Os balões há muito tempo são fonte de tensão entre as duas Coreias, ainda tecnicamente em guerra desde o fim da Guerra da Coreia em 1953, que terminou com uma trégua, não com um tratado de paz.

Tags: