O recente veredito de sentença de morte com pena suspensa imposto ao escritor australiano de origem chinesa Yang Hengjun, por acusações de espionagem, tem gerado preocupações sobre os riscos que os estrangeiros correm em território chinês. Ele foi considerado culpado em 5 de fevereiro por um tribunal de Beijing, depois de passar cinco anos na prisão. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Yang, um ativista pró-democracia, escrevia sobre política, com foco sobretudo na China e nos Estados Unidos. É também é autor de uma série de livros de espionagem. Ele foi preso em janeiro de 2019 no aeroporto de Guangzhou, época em que vivia em Nova York.

A pena de morte suspensa é uma sentença em que a execução da pena capital é adiada por um prazo determinado. Durante esse período, o condenado pode ter a chance de apelar ou cumprir certas condições para ter a sentença reduzida para prisão perpétua ou outra forma de punição.

A família do acusado anunciou que não apelará, citando falta de confiança no sistema judicial chinês e buscando cuidados médicos adequados para ele, bem como alegou que novas contestações legais seriam prejudiciais ao seu bem-estar. Amigos do escritor relatam que ele tem problemas de saúde, incluindo gota, tonturas, incapacidade de andar em determinados momentos, pressão alta e insuficiência renal.

Apoiadores de Yang inclusive argumentam que ele não recebeu tratamento suficiente para uma doença renal grave enquanto estava na prisão.

Amigos de Yang também expressaram apoio à sua decisão de não apelar da sentença, enfatizando sua inocência e integridade moral. Especialistas preveem impactos significativos desse caso, alertando para um possível efeito dissuasor sobre estrangeiros que buscam negócios na China.

Ouvido pela reportagem, Feng Chongyi, especialista em política chinesa, destacou que a sentença suspensa da pena capital a Yang poderia afetar as relações com países democráticos.

“Criará um efeito inibidor entre os países democráticos e desencorajará os estrangeiros de fazerem negócios na China”, disse.

Sob a lei antiespionagem da China, reformada em julho de 2023 para reforçar a segurança nacional, até mesmo informações comerciais podem ser consideradas “segredos de Estado”, ampliando a possibilidade de tratamento de estrangeiros como espiões pelas autoridades chinesas.