A cúpula do BRICS ocorrida na semana passada em Kazan, na Rússia, aproximou China e Índia de um acordo para encerrar uma antiga disputa que ameaça inclusive uma guerra ampla entre os vizinhos. Nos últimos dias, soldados das duas nações começaram a se afastar da Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês), que marca a divisão entre os Estados. As informações são do jornal South China Morning Post.
A disputa persiste há décadas, apesar de esforços diplomáticos e econômicos das duas nações para solucionar o impasse. A relação atingiu seu pior momento em abril de 2020, quando soldados rivais se envolveram em combates em vários pontos da área montanhosa que divide os dois países.
Nas últimas semanas, porém, o impasse passou a caminhar rumo a um desfecho pacífico após Beijing e Nova Délhi estabelecerem um acordo de patrulhamento fronteiriço. De acordo com o ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, o “processo de retirada” das tropas indianas e chinesas perto da Linha de Controle Real em Ladakh está “quase completo”.
Apesar da afirmação de Singh, não está claro quanto soldados se retiraram da região fronteiriça e se o processo é definitivo. O acordo foi encaminhado durante um encontro entre os dois chefes de governo, o primeiro ministro indiano, Narendra Modi, e o presidente chinês, Xi Jinping, que ocorreu à margem da recente cúpula do BRICS.
Segundo o jornal Hindustan Times, soldados dos dois países realizaram um encontro simbólico no qual trocaram doces, para marcar o espírito de colaboração entre os vizinhos durante o processo de pacificação.
Disputa histórica
A desavença entre China e Índia começou com uma troca de acusações sobre desrespeito mútuo à LAC. Então, em 15 de junho de 2020, a paz foi definitivamente quebrada em Ladakh, com 20 soldados indianos e quatro chineses mortos em combates corporais entre as tropas das duas nações. O confronto envolveu basicamente paus e pedras, sem nenhum tiro ter sido disparado.
Embora não tenham ocorrido novos choques desde então, a LAC era altamente militarizada até esta semana, com cerca de cem mil soldados estacionados em postos avançados remotos. antes do pacto, a região era uma das áreas mais tensas do mundo, com qualquer fagulha capaz de iniciar um conflito mais amplo entre países com arsenais nucleares.