China receberá general que comanda a junta militar no poder em Mianmar

Relação entre os países atravessa um período de instabilidade, conforme o conflito birmanês respinga em negócios e cidadãos chineses

O general Min Aung Hlaing, que comanda a junta militar no poder em Mianmar desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021, será recebido pelo governo da China nesta semana. Será a primeira visita dele ao gigante asiático desde que ascendeu ao poder. As informações são do site Hong Kong Free Press.

A relação entre a China e e os militares de Mianmar atravessa um período de instabilidade, conforme o conflito entre a junta e grupos rebeldes armados respinga nos negócios chineses e atinge inclusive cidadãos do país.

O general à frente da junta militar de Mianmar após o golpe de 1º de fevereiro de 2021, Min Aung Hlaing, em encontro diplomático em Moscou, Rússia, junho de 2017 (Foto: Divulgação/Vadim Savitsky)

Em outubro, uma explosão registrada no consulado da China na cidade de Mandalay colocou Beijing em alerta para os riscos que seus cidadãos correm na nação do Sudeste Asiático. Bejing, então, cobrou uma ação incisiva dos militares para coibir esse tipo de ato, enquanto os principais grupos rebeldes negaram relação com o ataque.

Inicialmente, o golpe de Estado de fevereiro de 2021 foi recebido com reprovação pela China, que vinha dialogando para firmar acordos comerciais com o governo eleito e perdeu financeiramente com a queda. Mas o cenário mudou rapidamente. Para não se distanciar da junta, Beijing classificou a prisão da líder democrática Aung San Suu Kyi e de outros funcionários do governo como uma “remodelação de gabinete”, palavras usadas pela agência de notícias estatal Xinhua.

Atualmente, entretanto, há sinais de um distanciamento gradual entre e a junta e o governo chinês, que inclusive pressiona os governantes para que realizem eleições. Ainda assim, a China segue como um dos principais fornecedores de armas para o regime autoritário birmanês. Oficialmente, no entanto, a visita de Ming não tem qualquer relação com a parceria entre Mianmar e a indústria bélica chinesa.

O general fará a visita participar de uma cúpula de dois dias da sub-região do Grande Mekong, grupo de países que envolve ainda Tailândia, Laos, Vietnã e Camboja. O governo birmanês afirma que seu chefe se  “reunirá e discutirá com autoridades governamentais da República Popular da China sobre a amizade entre os governos e os povos dos dois países, para desenvolver e fortalecer a cooperação econômica e multissetorial”.

Beijing igualmente confirmou a visita e adotou semelhante. O Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, afirmou que o objetivo da cúpula é “manter uma comunicação profunda com todas as partes e promover a interconectividade regional, o comércio e o investimento”.

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