O Partido Comunista do Vietnã realiza, entre os dias 19 e 25 de janeiro, seu 14º congresso quinquenal, considerado o mais importante evento político do país. A reunião, que ocorre em Hanói, irá definir a nova cúpula de liderança e traçar as diretrizes econômicas, sociais e diplomáticas que orientarão o o país do sudeste asiático até 2030. As informações são da Reuters.
Cerca de 1,6 mil delegados, representando mais de 5 milhões de filiados, participam do processo de escolha de aproximadamente 200 integrantes do Comitê Central. A partir desse grupo, serão selecionados entre 17 e 19 membros do Politburo, instância máxima de poder do partido, responsável por eleger o secretário-geral, o cargo político mais influente do país.

A expectativa é de que os principais nomes já tenham sido previamente acordados em reuniões internas, prática comum no sistema político vietnamita. O atual secretário-geral, To Lam, de 68 anos, assumiu o cargo em julho de 2024, após a morte de Nguyen Phu Trong, e é apontado como favorito à recondução.
Nos últimos anos, o posto de secretário-geral concentrou ainda mais poder, superando outras posições do Estado. Após o congresso, eleições parlamentares previstas entre março e maio devem ratificar as indicações partidárias para cargos como presidente, primeiro-ministro, presidente da Assembleia Nacional, ministros e o chefe do banco central.
Estabilidade política e diplomacia pragmática
Desde as reformas Doi Moi, no final da década de 1980, o Vietnã adota um modelo de tomada de decisões coletivas, que tem garantido estabilidade política e previsibilidade econômica. Esse arranjo foi fundamental para transformar o país, devastado pela guerra, em uma das economias que mais crescem no Sudeste Asiático.
Na política externa, o Vietnã mantém uma estratégia de equilíbrio entre grandes potências, como China, Estados Unidos e Rússia. A abordagem ficou conhecida como “Diplomacia do Bambu”, conceito formulado por Nguyen Phu Trong. Embora To Lam não utilize mais a expressão, a linha pragmática deve ser mantida, salvo alterações relevantes no cenário geopolítico internacional.
Metas econômicas ambiciosas
O congresso também deve oficializar metas econômicas consideradas ousadas. Um rascunho de documento partidário aponta para a meta de crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) de pelo menos 10% entre 2026 e 2030, índice significativamente superior ao objetivo de 6,5% a 7% estabelecido para o período de 2021 a 2025, que não foi alcançado.
Diante de tensões no comércio global e do impacto de tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos vietnamitas, o governo pretende reduzir a dependência de investimentos estrangeiros. O novo modelo aposta no fortalecimento do setor privado como motor do crescimento, com o Estado exercendo papel estratégico de coordenação.
O plano inclui aumento dos investimentos públicos em infraestrutura e desenvolvimento, com projeção de déficit fiscal em torno de 5% do PIB nos próximos cinco anos, acima do registrado no ciclo anterior.
Domínio político histórico
Fundado em 1930 por Ho Chi Minh, o Partido Comunista do Vietnã assumiu o controle do norte do país em 1954, após o fim do domínio colonial francês. Com a queda de Saigon, em 1975, e o término da guerra contra os Estados Unidos, o Vietnã foi reunificado sob um regime de partido único.
Desde então, o partido governa sem permitir oposição política formal, mantendo controle total sobre as principais instituições do Estado.