Coreia do Norte ignora pobreza e exige que cidadãos comprem e exibam a bandeira nacional

Cidadãos que não têm bandeira terão que comprar uma, comprometendo ainda mais o baixo orçamento

Por ocasião das comemorações do 77º aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores, celebrado a partir de segunda-feira (10), os cidadãos da Coreia do Norte receberam ordens para hastear a bandeira nacional em seus lares. Quem descumprir daqui em diante pode ter problemas com as autoridades. As informações são da rede Radio Free Asia.

A medida imposta pelo regime de Kim Jong-un gerou incômodo em um país onde a população não tem dinheiro nem para comida nem para símbolos pátrios, segundo fontes ouvidas pela reportagem. Afinal, aqueles que não tiverem uma bandeira foram orientados a comprar uma.

Um morador da capital, Pyongyang, diz que a população foi instruída por oficiais do partido, durante uma palestra, a colocar a bandeira nacional em suas casas. Segundo ele, o mote do discurso era “colocar nossa nação em primeiro lugar significa colocar nosso grande líder em primeiro lugar”. 

Bandeira da Coreia do Norte exposta em prédio (Foto: WikiCommons)

Bandeiras espalhadas em prédios do governo, agências de aplicação da lei e fábricas estatais são parte da atmosfera na península, mas tal demonstração de “patriotismo forçado” ocorre pela primeira vez pelas mãos das autoridades locais, segundo a fonte.

“Os cidadãos de Pyongyang agora terão que levantar a bandeira em suas casas sempre que houver um feriado nacional ou aniversário importante. Os próprios cidadãos terão que comprar as bandeiras”, acrescentou.

Parece pouco, mas o gasto deverá pesar no orçamento do cidadão comum. As bandeiras podem ser adquiridas apenas em lojas estatais e lojas de departamento. As pequenas custam mil wons (R$ 0,62), enquanto as grandes bandeiras podem chegar a 10 mil wons (R$ 6,25). O trabalhador médio leva para casa menos de US$ 2 mil por ano (R$ 10,4 mil), e grande parte da população vive em condições de insegurança alimentar.

 “Quando souberam que teriam que ir comprar as bandeiras, as pessoas começaram a reclamar, questionando: ‘o arroz ou o dinheiro caem da bandeira nacional?”, relatou uma segunda fonte. “É difícil ganhar a vida agora, então por que as autoridades estão nos forçando a comprar bandeiras?’”.

Ao atravessar uma grave escassez de alimentos em meio à pandemia de Covid-19, a Coreia do Norte chegou a buscar na criação de cisnes negros uma solução para o abastecimento de carne da população no final de 2021.

A Coreia do Norte tem dez feriados nacionais por ano, e estes incluem os aniversários dos líderes anteriores Kim Il Sung e Kim Jong Il, avô e pai de Kim Jong-un. 

Quem desobedecer a norma poderá ser entregue às autoridades por líderes das unidades de vigilância de bairros, que ficarão responsáveis pela fiscalização. A punição poderá ser de banimento da capital e realocação forçada para uma área rural do país.

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