Dano a cabo submarino em Taiwan levanta suspeitas de ação chinesa

Apesar da ocorrência, empresa alega que as operações domésticas de telecomunicações seguem inalteradas graças ao sistema alternativo

Um cabo submarino na costa nordeste de Taiwan foi severamente danificado, e as autoridades locais identificaram o navio de carga camaronês Shunxin-39 como o principal suspeito. O incidente, ocorrido próximo à cidade de Nova Taipé, levantou preocupações sobre a vulnerabilidade das infraestruturas submarinas globais e possíveis ações de sabotagem marítima. As informações são da ABC News.

De acordo com a Guarda Costeira da ilha, o dano foi detectado após um alerta emitido pela Chunghwa Telecom às 12h40 (horário local) de sexta-feira (3). Quatro núcleos do cabo localizado próximo a Yehliu apresentaram danos significativos. Apesar disso, a empresa de telecomunicações garantiu que as operações domésticas seguiram inalteradas devido a sistemas de backup.

Navio ancorado no porto de Keelung, em Taiwan (Foto: WikiCommons)

Às 16h40 do mesmo dia, o Shunxin-39 foi localizado a sete milhas náuticas ao norte de Yehliu. A embarcação foi instruída a retornar às águas fora do Porto de Keelung para uma investigação mais detalhada. No entanto, devido às condições climáticas adversas, os investigadores não conseguiram embarcar no navio, limitando-se à coleta inicial de evidências.

Embora registrado em Camarões, as autoridades taiwanesas acreditam que o navio esteja ligado a uma entidade com sede em Hong Kong, possivelmente associada à China continental. A hipótese reforça a narrativa de que a China utiliza “táticas de zona cinzenta” para pressionar Taiwan, segundo Ho Cheng-hui, diretor-executivo da organização de defesa civil Kuma Academy.

“Este incidente não é isolado. Ele faz parte de uma estratégia mais ampla da China para testar os limites da tolerância internacional”, afirmou Ho ao Taipei Times.

Até o momento, o governo chinês não comentou as alegações, e o Ministério das Relações Exteriores do país permanece em silêncio. O caso foi encaminhado ao Ministério Público Distrital, que investigará as responsabilidades criminais e buscará compensação pelos danos.

Infraestrutura submarina na mira

Este não é um caso único. Ataques e danos a cabos e oleodutos submarinos têm se tornado um problema crescente em várias partes do mundo, destacando a vulnerabilidade dessas estruturas críticas.

Em novembro de 2024, dois cabos de fibra ótica foram cortados no Mar Báltico, com o graneleiro chinês Yi Peng 3 figurando como suspeito. Um mês depois, a Finlândia iniciou investigações de sabotagem relacionadas ao cabo de energia Estlink 2 e outras quatro linhas de telecomunicações. A suspeita recaiu sobre o petroleiro Eagle S, associado à chamada “frota sombra” da Rússia.

Apesar das investigações em curso, poucos suspeitos foram formalmente acusados, aumentando a pressão por respostas mais concretas e ações preventivas. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em resposta às ameaças na região do Báltico, prometeu intensificar sua presença e monitoramento na área.

Taiwan reforça defesas

Diante desse cenário, Taiwan anunciou medidas para proteger sua infraestrutura de comunicações contra novas ameaças. Uma das estratégias inclui o lançamento de satélites em órbita baixa e média, visando reduzir a dependência de cabos submarinos.

“Estamos comprometidos em proteger nossa infraestrutura crítica e responsabilizar aqueles que representarem ameaças”, declarou a Guarda Costeira taiwanesa em comunicado oficial.

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