Entenda o que são ‘balões espiões’ e por que ainda são usados na era dos satélites

Pentágono derrubou um desses objetos alegando se tratar de uma ferramenta de vigilância de Beijing, que nega tê-lo usado para esse fim

No sábado (4), um caça do exército dos Estados Unidos derrubou um suposto balão espião chinês que sobrevoava o país há alguns dias. Beijing condenou o ato e justificou que a esfera branca vista por lá, na verdade, se tratava de um balão de pesquisa meteorológica “rebelde”, ou seja, que desviou de forma “completamente acidental” para o espaço aéreo norte-americano. As informações são da agência Al Jazeera.

De acordo com autoridades dos EUA, o balão chinês era do tamanho de três ônibus do tipo escolar e entrou na zona de defesa aérea do país ao norte das Ilhas Aleutas, no Alasca, no dia 28 de janeiro. De lá, atravessou a península conhecida como a “fronteira final” do país e entrou no espaço aéreo canadense em 30 de janeiro, antes de cruzar de volta para território norte-americano pelo norte do Estado de Idaho no dia seguinte.

Balão foi abatido por um míssil disparado por um caça F-22 do exército dos EUA (Foto: Twitter/Reprodução)

O incidente reacendeu a discussão sobre os chamados “balões de espionagem”, bem como o uso de uma tecnologia tida como antiquada na espionagem moderna em plena era dos satélites. Ultrapassada há séculos, diga-se, já que balões do gênero foram introduzidos durante as guerras revolucionárias francesas, em 1794. Também foram usados ​​na década de 1860, durante a guerra civil americana.

No entanto, hoje, esses balões possuem equipamento de imagem de alta tecnologia apontando para baixo, segundo Iain Boyd, professor de Ciências de Engenharia Aeroespacial da Universidade Boulder de Colorado. E podem obter imagens mais nítidas do que os satélites em órbita mais baixa, explicou o estudioso.

Os balões normalmente operam entre 24 mil metros e 37 mil metros (de 80 mil a 120 mil pés), bem acima de onde voa o tráfego aéreo comercial – os aviões quase nunca voam acima de 12 mil metros.

Balões de vigilância também têm capacidade de “coletar sinais eletrônicos” e interceptar comunicações, acrescentou David DeRoches, professor do Centro de Estudos Estratégicos do Oriente Médio e Sul da Ásia na Universidade de Defesa Nacional em Washington.

Os balões conseguem escanear uma maior extensão territorial de uma altitude mais baixa e passar mais tempo sobre uma determinada área, já que se movem mais lentamente do que os satélites, de acordo com um relatório de 2009 do Comando Aéreo da Força Aérea dos EUA.

As autoridades não entraram em detalhes sobre a tecnologia do balão, embora tenham sustentado com veemência de que se tratava de um “balão de vigilância”. 

“Estamos confiantes de que estava tentando monitorar locais militares sensíveis”, disse um alto funcionário da Defesa durante coletiva de imprensa no sábado (4).

O balão foi derrubado na costa da Carolina do Sul por um único míssil disparado por um caça F-22, de acordo com o Pentágono. A Marinha dos EUA coordenou operações para recuperar os destroços, que servirão para análise.

A China condenou a medida como “uma óbvia reação exagerada e uma grave violação da prática internacional”, agravando as tensões políticas que fizeram o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, adiar uma visita à nação asiática.

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