O governo Biden adicionou 37 novas empresas chinesas à lista comercial de vetos dos Estados Unidos devido a vínculos com o trabalho forçado de uigures na região de Xinjiang. Esta é a maior inclusão feita desde a aprovação da Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado Uigur, em dezembro de 2021. A decisão foi amplamente saudada por ativistas e defensores dos direitos humanos, que consideram a medida um passo significativo no combate à exploração de trabalhadores pertencentes à minoria étnica uigur. As informações são da Radio Free Asia.
Com essa ampliação, o total de empresas chinesas impedidas de exportar para os EUA devido à utilização de trabalho forçado passou de 78 para 144. Esse salto ocorre em um momento de crescentes tensões comerciais e políticas entre os dois países. Entre as companhias recentemente incluídas estão Hongyuan Green Energy e Donghai JA Solar Technology, importantes fabricantes de painéis solares, além de 26 empresas do setor de algodão e diversos produtores de polissilício, material essencial para a indústria de energia renovável.

“Ao adicionar 37 empresas à Lista de Entidades da UFLPA, reafirmamos nosso compromisso inabalável com os direitos humanos e um mercado justo,” declarou Alejandro Mayorkas, secretário de Segurança Interna dos EUA. Segundo ele, as sanções refletem uma postura firme contra a exploração de populações vulneráveis.
Lei contra o trabalho forçado
A Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado Uigur proíbe a importação de produtos provenientes de empresas acusadas de se beneficiar da exploração de trabalhadores em Xinjiang, onde o governo dos EUA afirma que está ocorrendo um “genocídio” contra os uigures. A legislação também coloca o ônus da prova sobre as empresas, que devem demonstrar que seus produtos não estão vinculados ao trabalho escravo.
Nos primeiros anos após a promulgação da lei, a lista crescia lentamente, com apenas algumas inclusões a cada trimestre. Entretanto, nos últimos dois meses, ocorreram as maiores adções já registradas, indicando uma intensificação na fiscalização.
Repercussão internacional
Elfidar Iltebir, presidente da Associação Americana Uigur, destacou que as novas sanções representam um progresso significativo, mas alertou que ainda há muito a ser feito. “Embora o total de empresas sancionadas tenha chegado a 144, isso é apenas uma pequena fração das companhias que exploram trabalho forçado em Xinjiang,” afirmou. Ele reforçou o compromisso de sua organização em pressionar por mais medidas e assegurar a continuidade da aplicação rigorosa da legislação.
Especialistas também apontam para as consequências econômicas e políticas da medida. Geoffrey Cain, autor de “The Perfect Police States” (ou “O Estado Policial Perfeito”, em tradução livre), avaliou que as sanções recentes são parte de um esforço do governo Biden para consolidar sua política contra a China antes de uma possível mudança na administração. Cain destacou que a abordagem do próximo governo em relação à China poderá variar, dependendo de quem exercer maior influência no círculo interno do presidente eleito.