O ex-primeiro-ministro Imran Khan, sua esposa, Bushra Bibi, e centenas de membros do partido Movimento Paquistanês pela Justiça (PTI) estão no centro de uma nova crise política no Paquistão, após acusações formais de “terrorismo” e outros crimes serem apresentadas contra eles pelo governo. A medida ocorre em resposta aos protestos intensificados na capital Islamabad, marcados por confrontos entre manifestantes e forças de segurança. As informações são do Euronews.
As acusações incluem violação de leis que limitam protestos na capital, ataques à polícia, sequestros e desobediência à Seção 144, que proíbe reuniões públicas com mais de quatro pessoas. Até o momento, quase mil membros do PTI foram presos enquanto se dirigiam à capital para atender ao “chamado final” de Khan, que exigiu manifestações em massa contra o governo.
Imran Khan, fundador do PTI e figura política central no país, está preso desde agosto de 2023, enfrentando múltiplas acusações criminais que seus apoiadores classificam como perseguição política. Bushra Bibi também foi presa por nove meses antes de ser liberada em outubro. Apesar dos esforços do governo para conter os protestos, os manifestantes marcharam em direção ao centro de Islamabad, pedindo a libertação de Khan e mudanças políticas significativas.
Liderando as manifestações ao lado de Bibi, Ali Amin Gandapur, alto representante do PTI na província de Khyber Pakhtunkhwa, desafiou as restrições governamentais. Em resposta, as autoridades intensificaram as acusações, argumentando que os líderes do partido estariam incitando violência contra forças de segurança e comprometendo a ordem pública.
O ministro do Planejamento e Desenvolvimento, Ahsan Iqbal, afirmou que os protestos não foram pacíficos e que os manifestantes estavam armados. Ele negou as acusações de que a polícia teria usado munição letal contra os participantes. O governo também associou as manifestações ao clima de instabilidade no país, exacerbado por recentes confrontos sectários na região de Kurram, onde mais de 40 pessoas morreram este mês em embates entre grupos xiitas e sunitas.
A intensificação das acusações contra Khan e seus aliados amplia as divisões políticas e sociais no Paquistão, criando um ambiente de incerteza sobre o futuro político do país.
Na quarta-feira pela manhã, o PTI divulgou um comunicado anunciando a suspensão temporária dos protestos, alegando que pelo menos oito de seus apoiadores haviam sido mortos pelas autoridades.
Já na quinta-feira, o Ministro da Informação, Attaullah Tarar, durante uma coletiva de imprensa em Islamabad direcionada à mídia internacional, afirmou que os principais hospitais públicos da capital, como a Poly Clinic e o PIMS Hospital, confirmaram não ter recebido nenhum corpo. “O departamento de saúde emitiu declarações dessas instituições afirmando que não houve registros de óbitos”, declarou ele em resposta a uma pergunta da Al Jazeera.
A contagem oficial de vítimas permanece incerta, com líderes do PTI apresentando números divergentes, variando entre 10 e 200 mortos.
Enquanto isso, autoridades hospitalares se recusaram a fornecer informações sobre os feridos e mortos, alegando estar proibidas de divulgar os dados, acusação negada pelo governo. As autoridades também afirmaram que listas falsas de vítimas estavam circulando nas redes sociais.