Pelo menos uma dúzia de indianos foi vítima de um esquema de recrutamento fraudulento, que os levou a lutar nas fileiras russas durante o conflito com a Ucrânia. Houve também casos de recrutas atraídos por promessas de altos salários e cidadania russa.
Em meio a isso, uma tragédia se abateu sobre a família de Hemal Ashwinbhai, de Gujarat, quando ele foi morto em um ataque de míssil na semana passada, conforme relatado pelo jornal The Hindu. As informações foram reproduzidas pela rede BBC.
O pai de Hemal compartilhou que seu filho estava posicionado a cerca de 20 quilômetros dentro da fronteira ucraniana e mantinha contato telefônico regular. Agora, as famílias dos outros homens envolvidos estão clamando ao governo federal para trazê-los de volta ao país.
Esses homens, com idades entre 22 e 31 anos, foram recrutados sob falsos pretextos, inicialmente contratados como “ajudantes no estabelecimento militar na Rússia“, mas acabaram sendo enviados para o campo de batalha sob o disfarce de “treinamento”, segundo relatos de suas famílias.
Segundo fontes indianas na Rússia, dezenas de indianos se juntaram ao exército russo, mas um informante do Ministério da Defesa russo revelou ao The Hindu que o número real de recrutas no último ano chega a aproximadamente 100. A BBC procurou a Embaixada da Rússia em Nova Délhi para comentários, mas ainda não obteve resposta. Enquanto isso, o Ministério das Relações Exteriores da Índia reconheceu que “alguns cidadãos indianos se alistaram para funções de apoio no exército russo”.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia afirmou que todos os casos relatados à embaixada indiana em Moscou receberam atenção imediata das autoridades russas, e aqueles comunicados à pasta foram encaminhados à Embaixada da Rússia em Nova Délhi. Como resultado, vários indianos foram libertados.
Além disso, a pasta enfatizou a importância de que “todos os cidadãos indianos tomem precauções adequadas e evitem se envolver neste conflito”.
Vídeos de alguns dos homens explicando como foram enganados por agentes e enviados para o campo de batalha chocaram suas famílias, todas provenientes de condições socioeconômicas desfavorecidas – muitos são filhos de motoristas de tuk-tuk – um tipo de veículo motorizado de três rodas usado principalmente em países asiáticos –, vendedores de chá ou trabalhadores braçais.
Famílias das vítimas denunciam que agentes cobravam 300 mil rúpias (cerca de R$ 17,9 mil), prometendo um passaporte russo após alguns meses de serviço militar. Relatos indicam que os recrutadores visam pessoas da Índia, Emirados Árabes Unidos, Nepal e Sri Lanka, cobrando taxas que chegam a 1,2 milhão de rúpias.
Em 2022, quando a guerra teve início, houve relatos de indianos se voluntariando para o exército ucraniano. No entanto, é a primeira vez que a presença de indianos do lado russo em funções de combate é relatada.
Na quinta-feira, autoridades indianas afirmaram estar empenhadas em garantir a libertação de cerca de 20 cidadãos indianos que se encontram “presos” no exército russo, segundo informações do site The Moscow Times. Randhir Jaiswal, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, declarou a repórteres em Nova Délhi que estão em contato constante com as autoridades russas, tanto na capital indiana quanto em Moscou, buscando a libertação antecipada dos indianos detidos.