Indonésia busca se juntar ao Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics, mas enfrenta riscos

A Indonésia quer aderir ao Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics, mas analistas alertam para risco de aumento da dívida e pressão sobre o orçamento nacional

O presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, anunciou que o país pretende aderir ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), liderado pelos BRICS, visando impulsionar a transformação do desenvolvimento nacional. A filiação, no entanto, exige um pagamento significativo de capital, que pode gerar pressões sobre o orçamento do país. As informações são do South China Morning Post.

Em janeiro, a Indonésia tornou-se oficialmente membro do Brics, grupo composto principalmente por economias emergentes como Brasil, Rússia, Índia e China. O ingresso no NDB requer a aquisição de ações do banco, cujo valor ainda não foi divulgado, podendo ser pago em sete parcelas.

Lideranças em sessão da 17ª Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, julho de 2025 (Foto: WikiCommons)
Potenciais benefícios e riscos da adesão ao NDB

O NDB oferece financiamento estratégico para projetos de infraestrutura, energia limpa, transporte e saneamento. Para Prabowo, a adesão ao banco representa uma oportunidade de reduzir a dependência de credores internacionais tradicionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, e promover o multilateralismo em um cenário global multipolar.

No entanto, especialistas alertam que o endividamento da Indonésia, atualmente próximo de 40% do PIB, pode tornar difícil cobrir o capital integralizado do NDB. Bhima Yudhistira, diretora do Centro de Estudos Econômicos e Jurídicos, aponta que o país deveria priorizar investimentos estrangeiros diretos de membros do BRICS, como a China, em vez de aumentar a dívida.

Muhammad Rizal Taufikurahman, do Instituto para o Desenvolvimento Econômico e Financeiro (Indef), ressalta que o sucesso dos projetos depende de governança, transparência e estudos de viabilidade, evitando estouros de orçamento, como ocorreu na construção da ferrovia de alta velocidade Jacarta-Bandung.

O NDB como ferramenta política e econômica

Além das questões financeiras, o NDB é visto como um instrumento político dos BRICS, podendo aumentar a influência da China em projetos estratégicos da Indonésia, incluindo mineração de níquel e infraestrutura. Autoridades locais defendem cautela, mantendo a política externa do país livre e ativa frente às rivalidades globais.

O banco, com capital inicial de US$ 100 bilhões, já aprovou US$ 39 bilhões em financiamento para 120 projetos em países-membros, consolidando-se como uma alternativa de financiamento para países em desenvolvimento.

Tags: