Crianças russas serão enviadas à Coreia do Norte para participar de acampamentos infantis, enquanto jovens norte-coreanos farão o caminho inverso. O “intercâmbio infantil”, expressão usada por um aliado do presidente Vladimir Putin para definir o projeto, se insere no contexto dos recentes acordos que aproximaram ainda mais os dois governos.
Do lado russo, o envio dos menores a Pyongyang será coordenado por um movimento infanto-juvenil criado por Putin e hoje chefiado por Grigory Gurov, segundo quem Rússia e Coreia do Norte mantêm acampamentos patrióticos semelhantes. “Estamos planejando intercâmbios infantis”, afirmou ele à agência estatal Tass.
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A aliança entre Moscou e Pyongyang se fortaleceu com a visita e Putin à capital norte-coreana, onde firmou com Kim JOng-un um pacto de defesa mútua. Os dois países também definiram a retomada das operações do serviço de trem de passageiros entre as cidades de Vladivostok, na Rússia, e Raso, na Coreia do Norte.
No final de junho, o governador da região de russa de Primorsky já havia afirmado, de acordo com a agência estatal Interfax, que a ferrovia permitirá que crianças russas sigam para o território norte-coreano durante as férias de verão.
Além da Coreia do Norte, outros países aliados de Moscou podem receber jovens russos, com destaque para China e Vietnã. De acordo com o aliado de Putin, conselheiros veteranos do movimento serão enviados com as crianças para coordenar as viagens.
Crianças na mira do Kremlin
O Movimento dos Primeiros, grupo chefiado por Gurov, foi criado em 2022, inspirado em uma iniciativa semelhante da antiga União Soviética. Surgiu já com a guerra da Ucrânia em andamento, parte de uma campanha mais ampla de propaganda estatal que inclusive difunde conceitos patriótico-militares entre os menores russos e os estimula a manifestar apoio ao conflito.
O discurso de Putin sobre a invasão, feito logo no primeiro dia de combates, foi inclusive exibido a jovens estudantes russos. Os educadores que eventualmente se recusassem a levar as imagens às crianças acabavam substituídos por outros, segundo relatos de testemunhas.
Nem alunos da educação infantil escapam. Logo após a invasão, jovens estudantes foram incentivados a manifestar seu apoio ao conflito enviando cartas aos soldados. Janelas e portas de escolas do país foram pintadas com a letra “Z”, símbolo extraoficial das forças russas, e uma onda de postagens pró-guerra feitas por menores invadiu as redes sociais.